VERÔNICA SONHA COM AS MALDIÇÕES E ENTRA EM CONFLITO COM MANOEL POR CAUSA DO SEU CACHORRO FERIDO

Na casa de Manoel sonhei um dia um sonho muito curioso. Sonhei andando em um jardim muito grande que tinha vários














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Canteiros vazios esperando sementes. Era um ambiente estranho, mas bonito. Comecei a andar entre os canteiros e de uma bolsa que apareceu em meu lado comecei a tirar sementes e jogá-las sobre os canteiros. Muitas sementes eu jogava e cada vez que eu fazia isto me alegrava com o fato. Rapidamente as folhinhas saiam do chão em uma rápida germinação que me fazia até sorrir de alegria. Repentinamente surgiram duas mulheres caboclas de cabelo bom, mas arrepiados, olhos esbugalhados e unhas vermelhas crescidas dando gargalhadas e por onde elas passaram as plantas por mim semeadas muchavam.
- Há, há, há queridinha, muitos não colhem porque não plantam, outros plantam, mas não colhem por nossa causa. Há, há, há!
- Saia daqui. Quem são vocês para destruírem o meu jardim assim? Quem deu autoridade para isto?
- Ana Carolina Trajano da Silva, nós somos heranças suas vindas de seus pais, há, há. Somos as maldições e viemos de dentro da boca de seu pai e de sua mãe.
- Você são espíritos de mortos?
- Nem todos os espíritos são anjos e nem de pessoas que já morreram. Somos as palavras de seu pai e sua mãe e a nossa função é cumprir os desejos dos dois mesmo que tenham surgido na raiva. Somos infertilidade em sua vida querida Ana e o que você planta nós cuidamos em destruir.
- Saiam da minha vida, do meu jardim, saiam agora!
- Não é assim queridinha, há, há, há, você terá que nos enfrentar se tiver coragem.
Aquelas duas mulheres, ou seres me davam medo e os seus olhos esbugalhados pareciam querer me consumir. Todo o jar-










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Dim que plantei estava mucho como em uma seca terrível e maldita. Empurrei as duas e corri, corri muito até que passei por uma gaiola de ferro com um imenso cadeado na porta e correntes cercando a gaiola. Dentro da mesma existia um velho aparentando setenta anos, com barba longa e branca e uma roupa verde com vários anéis em seus dedos. Tentei rapidamente retirar aquele velhinho de sua prisão, mas não conseguia até que me alcançaram as duas mulheres de olhos esbugalhados e cabelos crespos para cima demonstrando uma chave daquelas antigas.
- Solte ele agora.
- Ana Carolina você sabe o que diz queridinha.
- Como é o seu nome querido senhor?
- Meu nome é destino, seu destino minha filha que estas malditas prenderam.
- Mas por que o senhor veio tão ruim para mim, me fez sofrer tanto senhor destino. Por que o senhor não me dá uma saída para que eu deixe de ser quenga?
- Não sou eu minha filha, são elas! O destino de TODOS OS HOMENS sempre é bom e vem com o melhor planejamento de Deus o todo bondoso. Mas são elas que atrapalham a nossa função e levam as pessoas por maus caminhos, caminhos de sofrimento e dor. Deus não produz destino mau para ninguém Ana Carolina. Não foi deus que te transformou em Verônica, mas estas malditas.
- Me ajude, por favor, mude meus caminhos, por favor.
- Me solte e eu farei florescer o que plantas.
- Solte o destino malditas agora.
- Você terá que nos enfrentar e tomar a chave queridinha.










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Nisto eu passei a enfrentá-las e pulei no meio delas para tomar a chave na “tapa”. Lutei muito com elas e agarrada ao cabelo delas caímos no chão e eu me acordei. Que sonho louco, mas eu nunca me esqueci dele. Foi tão real que a minha memória trazia o mesmo à tona como algo realmente vivido.
Agüentei durante meses surras e palavrões daquele homem que em nada me valorizava. Talvez para ele Peri meu cachorro tivesse mais valor e o passar, lavar, arrumar a casa fosse o único motivo dele me sustentar, dele me manter em sua casa. As maiores surpresas não estão nas situações, mas nas reações que temos a elas, nos surpreendemos com as nossas próprias reações as situações e momentos. Confesso que já estava me acostumando a ser uma coisa e não um ser humano. Em um daqueles dias julgando ser merecidas aquelas tapas fortes na minha cara. Naquele dia além de me bater o monstro bêbado bateu com um pau em Peri quebrando a sua perna. Caída ao chão vi aquela cena que me causou grande irá. Fui até ele, peguei o pau e bati nele com todas as minhas forças, bati, bati nas pernas, na cabeça, nos joelhos enquanto o miserável pedia para parar, mas eu estava descontrolada. Bati com muito gosto e ele caiu sangrando ao chão e mesmo assim eu continuei.
- Seu bêbado miserável você quebrou a perna de Peri, seu miserável tome isto...
- Verônica você é uma rapariga imunda, sua quenga...















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Eu bati muito nele, eu gritava e batia, batia até ele não mais fazer reação alguma. Soltei o pau sujo de sangue e tremendo cai de joelhos no chão.

- Matei Manoel. Meu Deus o que vou fazer?

Peguei Peri e corri ao açude de Bodocongó para a casa de dona Yayá que tinha uma distância de quinze quilômetros. Com o cachorro grunindo em minhas mãos eu corri muito e constantemente eu olhava para trás esperando a polícia me alcançar. Na época o delegado da região era o Antônio Negreiros que era impiedoso e não gostava muito de quenga apesar de ser casado com uma embutida. Corri muito e as minhas pernas tremulas davam câimbras e a dor era muito grande. Suada e exausta cheguei às margens do açude dos amores e quase rendida ao destino trágico de ser uma futura prisioneira tomei o meu último banho no açude e as águas do rio Bodocongó se misturavam com as minhas lágrimas.

- Por que Senhor eu sofro tanto, por quê?
- Será que nasci para sofrer nesta terra? Eu só queria ter um homem só meu, uma casinha e filhos. Só isto Senhor!

Lavei meu corpo manchado por pontas de cigarros e arranhões em delírios sexuais, as manchas das sarnas que tive me sentindo um lixo um resto da humanidade que tenta desesperadamente me esquecer. Cheguei tomada banho em Dona Yayá e contei que tinha matado Manoel a pauladas e a qualquer momento a polícia iria vim me buscar.

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