DONA YAYÁ ENSINA VERÔNICA A LER E A ESCREVER

Riacho das quengas – Joilson Assis 87


CAPÍTULO V
Quando alguém nos trata como rei existe uma grande possibilidade de sermos reis de verdade e de ter comportamento real. Mas quando alguém ou a maioria das pessoas nos tratam como lixo temos a grande possibilidades de “federmos” como o tal. Era isto que acontecia com algumas destas mulheres que resolviam erradamente assumir uma posição de escória como a sociedade dos importantes queria que elas fossem. Apesar de aceitar a minha posição eu nunca me acostumei em não ter um lar, um homem uma vida de verdade. Eu estava decidida a fazer alguma coisa para mudar de destino. A primeira ação que resolvi fazer foi de aprender a ler e a escrever. Quem sabe se eu não conseguia um emprego digno? Dona Yaýa resolveu-me ensinar, mas se eu dormisse com mais um ou dois homens a mais para aumentar o lucro dela, de imediato aceitei. Comecei a aprender a cartilha do ABC que comprei no centro e até pregados nas paredes havia letras e nomes para que eu decorasse os mesmos, o que eu fazia até com aquele homens em cima de mim. Enquanto eles gemiam eu somava as letras escritas










Riacho das quengas – Joilson Assis 88



As transformando em palavras e em frases. Aprendi a contar dinheiro e a escrever o meu nome. Todos diziam que as letras que eu fazia as pessoas achavam lindas e eu sonhava em um escritório atendendo muitas pessoas da sociedade dos vivos. Eu queria que algo tivesse valor além do que estava entre as minhas pernas quando a menina era nova e bonita ela chegava a trabalhar duas vezes mais que as outras e se ela tornasse a preferência dos homens, ela não parava de atender, até durante o dia vinham fregueses. Foi o que aconteceu comigo, eu era nova, tinha alguma beleza e procurava fazer bem o meu serviço, nisto os clientes vinham todas as horas. No início eu pensava que era algo bom mais só muito depois eu percebi o perigo. Com dois anos eu era o sucesso da casa de dona Yaýa e até Nita ficava para trás apesar de ser mais nova eu agradava os homens e os deixava exaustos de prazer. Já que tinha que fazer as coisas, eu fazia bem feito para ninguém colocar defeito. Depois de dois anos engravidei novamente desta vez não sabia quem era o pai. Mesmo grávida a gente na casa de dona Yaýa não parávamos, pois tínhamos que pagar a estadia. Aprendi a ler e a escrever, faltava só um tempo para que eu deixasse aquela vida.




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