ANA CAROLINA E AS FOFÓCAS DAS LAVADEIRAS

Nas conversas das mulhe-











Riacho das quengas – Joilson Assis 44


res sempre deixavam escapar cenas de noites quentes com seus homens e outras inocentavam seus maridos cafajestes de seus erros colocando a culpa nas quengas “safadas”.
- Homem é homem não é mulher? Uma mulher se oferece ele tem que aceitar:
- É verdade mulher, estas quengas enlouquecem os nossos homens e outras fazem até macumbas pra eles.
- Se eu pegar a quenga de meu marido eu quero ela todinha!
- Eu tiro todas as forças dele, não deixo nada pra ninguém.
É, a boca das lavadeiras não se mantinham fechadas e no meio delas sabíamos de tudo. Da vida dos políticos, do dinheiro de outros e dos chifres que muitos levavam. Era um divertimento incrível, no instante lavávamos muita roupa e nos sentíamos bem informadas de tudo na cidade de Campina Grande. Talvez venham das lavadeiras de roupa os repórteres sensacionalistas que falam da vida e da intimidade de todos e de tudo.
- Menina, você sabia que a filha de Dona Maria fulor se perdeu?
- Não acredito. Ela é tão nova não é?...







Riacho das quengas – Joilson Assis 45


Quando as fofoqueiras falavam de uma mulher que se perdeu elas falavam em um tom como se a moça estivesse morrido. Logo aprende que se perder era perder a virgindade chamada na gíria popular de Cabaço. (Cabaço é o fruto da cabaceira. Era de forma arredondado e quando rachava não servia mais para nada. Quando retirados de forma certa era serradas ficando duas vasilhas com duas panelas) A moça não podia perder o cabaço, pois seria obrigada a casar com quem fez o ato ou jogada no meio das quengas. Mas quem era tão doida para perder algo tão precioso assim? Eu era que não iria perder o meu! Eu iria me casar com o rapaz da estrada, pois só era uma questão de tempo para ele perguntar o meu nome e ir lá em casa pedir ao meu pai a minha mão em casamento. Eu não agüentava mais esperar por este dia! Mas eu era paciente e bastante nova.
O tempo passou rápido e minha mãe me deu mais uma irmã que eu cuidava carinhosamente. Na sede de vencer o amor das quengas dava ao meu pai todo ano um ilho. Eu esperava um dia fazer aquilo que dona Zefinha fazia com seu esposo com o











Riacho das quengas – Joilson Assis 46


Meu namorado anônimo, mas as marcas da surra que levei ainda estavam nas minhas costas a doer muito. Como o amor e o ódio se intercalam na vida de uma pessoa, parece que na vida o amor é uma mulher linda e o ódio um homem extremamente apaixonado por ela e quem se aproximar do amor terá que enfrentar o ódio. Como alguém diz que ama, mas prejudica em nome deste amor, e com a mesma força destruía e amado! É, no amor e no ódio todos são loucos e é nestes dois que aparecem as nossas maiores insanidades.









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