AS FESTAS NA CASA DA FAMILIA DINIZ

Eu gostava mesmo das festas com toda aquela comida de rico. Eu comia tanto que ficava triste e sem coragem. Era bom demais! Aquela família realmente constituída de pessoas tão legais que passei a pensar que aqueles eram meus verdadeiros parentes. Nesta caminhada feliz passei quase quatro anos e estava convencida que aqueles membros nobres daquela família me amavam, queria-me muito bem. O que me lembro de engraçado que dona Diniz e seus filhos até Benta a serviçal fiel pegaram uma coceira danada, eles se coçavam sem parar e disfarçavam quando as visitas chegavam, disfarce este que as vezes era













Riacho das quengas – Joilson Assis 110


Muito engraçado Ah, como era bom participar daquela família feliz. Bom mesmo era no natal, ganhávamos presentes e sempre havia baile com a minha música preferida! Escadaria. Bastião nunca deixou faltar meu presente no final de ano e escondido eu levava presentes para as minhas amigas de antiga profissão. Eu gostava muito de levar presente para Sara a minha grande amiga, dona Yaýa e Bianca que era uma prostituta das antigas que velha foi esquecida pelos clientes. Os homens não a procuravam mais e doente, faminta ela era sustentada pelos favores das quengas em atividade. Dava muita “pena” daquela mulher que era tão disputada pelos homens que chegavam até a brigarem, agora mendigava comida e transava até por um cigarro e um copo de cachaça. Na festa de final de ano na casa da família Diniz eu estava vibrante e até comprei um vestido novo e um rádio ABC Canarinho de seis faixas, pegava até os “estrangeiros” falando. Na festa veio gente de toda alta sociedade de Campina Grande, na festa tinha até barão do Algodão. Enquanto eu servia ao som da minha música preferida um grupo de DAMAS DA SOCIEDADE olhavam para mim como se comentassem alguma coisa. Como fui tola, pois pensei que elas estavam achando o meu vestido novo bonito, mas não era.
- Dona Diniz a senhora sabe quem é aquela ali?
- É a minha serviçal Verônica.
- Dona Diniz, aquela mulher é a pior quenga do açude de bodocongó. É rapariga brava e violenta e todos já conhecem a sua fama.







Riacho das quengas – Joilson Assis 111


- É?
- Sim, como a senhora permite uma mulher imunda daquela entrar em sua casa? Todas aqui já sabem quem é ela.
- Eu não como os doces servidos por ela.
- Eu também não.
- Calma meninas, ela deve ter deixado a vida há muito tempo.
- Menina? olha, aonde foi casa sempre será taipeira. (escombros)
- Eu não venho aqui com esta imunda. Não mesmo! Viu?
Na festa eu pensava que estava arrasando com o meu vestido novo, mas era apenas uma quenga no meio da sociedade dos vivos. No dia seguinte fui chamada por Dona Diniz que gentilmente conversou comigo.
- Verônica me fale a verdade, você fazia vida livre?
- Ah, o que? Quem foi que disse a senhora?
- Minhas amigas me contaram e houve um grande comentário ontem à noite na festa, o comentário foi geral.
- Que vergonha dona Diniz.
- Você foi quenga Verônica?
- Sim senhora, desde meus quinze anos quando eu me perdi.
- Então Bastião me enganou. Você realmente é uma mulher de vida livre
- Fui, não sou mais graças a Deus e a Senhora.
- Eu sei Verônica, mas o GRANDE comentário das minhas amigas me obriga a demiti-la.
- Dona Diniz, por amor de Deus não faça isto, eu não tenho pra onde ir; por favor, me deixe aqui.
- Infelizmente Verônica eu não posso deixar que falem mal de minha família por sua causa. Você, você infelizmente está despedida!







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