OS QUINZE ANOS DE VERÔNICA , AS IMAGINAÇÕES DE UMA SONHADORA

Riacho das quengas – Joilson Assis 54


Os meus quinze anos chegaram e o padre me benzeu com água benta. Certamente era apenas questão de meses para alguém pedir a minha mão. Do lado de fora da missa meu pai encontrou um amigo seu e me apresentou a ele que me achou muito bonita e mostrou seu filho com cara de mal para mim. Meu pai se antecipou e disse que aceitaria um pedido do filho dele da minha mão. Eu odiei aquela idéia e até hoje me lembro da cara dele de chato e exigente.
- Pois é compadre Zé, meu fio ta chegando na idade de arrumar uma cabritinha mesmo. Vou visitar o sinhô ta.
Não gostei daquele rapaz e pedi a Deus que não deixasse o “compadre” de meu pai nos visitar. Seria horrível casar-me com aquele “chupa limão”. Mas graças a Deus ele não veio e eu continuei a lavar as minhas roupas, mas agora no caminho os homens faziam questão de tirar o chapéu de suas cabeças. Isto me fazia sentir uma mulher encantadora.
Os amores daquela época eram fortes e melosos com muita emoção e força. Até as músicas era de uma profundidade poética muito grande e as paixões arrasadoras. Era uma época romântica, porém de outro lado ainda bruta. Mas o que seria o









Riacho das quengas – Joilson Assis 55


Amor, a paixão e a simples simpatia? Agente séria tão pobre se fossemos tão lógicos, mas são as emoções do amor que perfumam a vida. Eu me exponho às emoções do coração, mas eu não mando nele apenas tento convencê-lo de algumas coisas. Na idade em que eu me encontrava meu pai demonstrava mais cuidado com a minha virgindade do que comigo mesmo. Seria a minha vagina a parte mais importante do meu corpo? Seria ela mais importante que o coração? Por outro lado eu gostava destes cuidados, pois me sentia protegida e pertencente a alguém. Como seu José era muito rígido eu tinha medo de apanhar por algum desagrado que eu pudesse fazer. Eu tentava me comportar, mas às vezes pensamos com outras partes do corpo que não tem nada haver com a cabeça. E como uma fruta cheirosa os homens me abraçavam e não se cansavam de me cheirarem e beijarem a minha boca. Tudo era muito escondido para que eu não ficasse falada principalmente pelas fuxiqueiras amigas de minha mãe.
Nos forrós eu tirava o atraso e dançava muito e gostava muito de me misturar com o suor de alguns homens. O suor de macho é diferente e me dava um tesão muito grande.










Riacho das quengas – Joilson Assis 56


Ah, como era bom os forrós de Campina Grande. Ficávamos de um lado e do outro os cavaleiros que vinham nos tirar para dançar. Quando era um velho ou alguém feio não podíamos negar e dançávamos sem malícia. O bom mesmo era quando um rapaz tirava a gente para dançar, era tão bom que logo o dia amanhecia. Que vida maravilhosa eu tinha, pois a perfeição não está na inefabilidade, mas na harmonia das coisas e dos fatos.


















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