INICIO DO LIVRO RIACHO DAS QUENGAS , UM ROMANCE HISTÓRICO NORDESTINO
RIACHODASQUENGAS Joilson de Assis
O LIVRO RIACHO DAS QUENGAS É UM ROMANCE HISTÓRICO
REGISTRADO NA BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO, BRASIL
ESTÁ A DISPOSIÇÃO DOS CINEASTAS DO BRASIL.
FILME NOVELA DE RADIO COM A HISTÓRIA DE VERÔNICA A QUENGA DO NORDESTE CLIC NO VIDEO E SE EMOCIONE
obs.: O livro utiliza linguagens tipicamente nordestina da época, não seguindo corretamente o portugues tradicional.
As fotos são figurativas.
USE O ÍNDICE MUTIMIDIA AO LADO EXPERIMENTE !
OBS.: Se você quer ir direto para o conto deVerônica a Quenga do nordeste vá direto para o inicio do conto no indice ao lado ou vá para o capitulo 28.
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BOA LEITURA
Você vai ler agora uma história incrível!
PARAÍBA TERRA DE ENCANTOS MIL, TERRA ABENÇOADA
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LIVRO RIACHO DAS QUENGAS
CAMPINA GRANDE 1920 A 1930
UMA ÉPOCA POÉTICA E MÁGICA
PORÉM, CHEIA DE CONFLITOS
HINO DA BELISSIMA CAMPINA GRANDE
Veja este video com o auto Joilson de Assis
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FOTOS INICIAIS
Você vai se apaixonar por este livro!
O nordeste tem muito o que contar - riacho das quengas será um filme de sucesso!
O LIVRO RIACHO DAS QUENGAS É UM LIVRO EMOCIONANTE
No final do livro temos uma grande galeria de fotos de Campina Grande e região.Vale apena dar uma olhadinha nas fotos de nossa origem.
Obs.: As fotos deste livro são apenas ilustrativas e os ersonagens das fotos não tem nada com a história do livro.
"QUEM LER OS MEUS LIVROS VISITA A MINHA MENTE
SEJAM BEM VINDOS AMIGOS
FAÇAM DO PENSAR , DO IMAGINAR , DO LER UM PRAZER TRANSCENDENTAL"
Joilson de Assis
PROFESSOR JOILSON DE ASSIS
ESCRITOR DO LIVRO RIACHO DAS QUENGAS
PROFESSOR JOILSON DE ASSIS
ESCRITOR DO LIVRO RIACHO DAS QUENGAS
Campina Grande – Parahyba
1930
01
02
03
04
RIACHO DAS QUENGAS UM HISTORIA EMOCIONANTE
JOILSON DE ASSIS
Expediente do livro Riacho das Quengas
Nome do livro: Riacho das Quengas
Assunto geral: Romance histórico. Data da historia do
LIVRO 1915 A 1960
Autor do livro: joilson Assis da silva
Ano que o livro foi escrito :2006
Em 2008 ganhou o 20ª lugar no concurso nacional do
SESC aonde concorreu com milhares de obras do Brasil
Inteiro
Ano do lançamento :2009
Categoria: Romance e historia
Editora: Agrafep campina grande
Doney carneiro
Cezar carneiro
Quéops carneiro
Endereço: Rua dos avelozes 03
Malvinas
Campina Grande, PB Brasil
Email: joilson.assis10@gmail.com
Digitadores: Fernando Paulo Dias pereira de Lyra
VANESSA KELLY FERNANDES DE LYRA
Maria Luciana Sousa Fernandes
Diagramação: Fernando Paulo dias pereira
Revisão editorial: Maria Luciana Sousa Fernandes
Supervisão editorial: Valdemir vieira Sales
Patricia Deniz Sales
Rebeca Deniz Sales
ORGÃO RESPONSÁVEL PELA DIGITALIZAÇÃO
CYDER POLAR
RESPONSÁVEL PELA ANÁLISE DO ASPECTO CULTURAL DO LIVRO
MARTA LOURENÇO DA SILVA
Campina Grande menina formosa, viçosa
Também és mulher virtuosa, competente
De gente inteligente, age sabiamente
Minhas Homenagens!!
Campina Guerreira, rainha da Borborema
Reino de paz e prosperidade. Minhas
Homenagens!! Joilson de Assis da Silva
RIACHO DAS QUENGAS 01
Campina Grande – Parahyba
1930
A história não passa ela se interioriza
CAMPINA GRANDE CIDADE MARAVILHOSA
02
AS QUENGAS DE
BODOCONGÓ
JOILSON ASSIS
03
RIACHO DAS QUENGAS
JOILSON ASSIS
Riacho das Quengas – Joilson Assis 3-A
Eu fui feliz lá no Bodocongó,
Com o meu barquinho de um remo só,
Quando era lua, com meu bem, remava atoa
Ai, ai ai. Que vida boa
Lá no meu bodocongó
Bodó, bodó, bodó, bodó congó
Meu canário verde, curió
Bodó, bodó, bodó, bodó congó,
Minha Campina Grande, eu vivo aqui tão só!
Bodocongó
Eu vivo aqui tão só
Eu vivo aqui tão só
Bodocongó
Autor da Música: Luiz Gonzaga
CANTORA :ELBA RAMALHO
04
PARAHYBA
1930
CIDADE DE CAMPINA GRANDE
Margens do Rio de Bodocongó
Margens do açude de Bodocongó
05
Campina Grande – Parahyba
1930
RIACHO DAS QUENGAS
JOILSON DE ASSIS
Campina Grande menina formosa, viçosa
Também és mulher virtuosa, competente
De gente inteligente, age sabiamente.
Minhas Homenagens !!
Campina Guerreira, rainha da Borborema
Reino de paz e prosperidade. Minhas
Homenagens !! Joilson Assis da Silva
Riacho das Quengas – Joilson Assis 06
Campina Grande – Parahyba
1930
APRESENTAÇÃO
O riacho das quengas é um conto Romântico, histórico de Grande emoção. É impossível ler este livro e não se emocionar com suas históricas tão bem contadas. O escritor Joilson Assis da Silva conseguiu misturar a triste história das quengas de bodocongó com a própria história da maior cidade do interior do nordeste, Campina Grande. A visão histórica que começa na colonização da cidade por Teodósio de Oliveira Ledo, passando pelo grande progresso da cidade na época do outro branco, o algodão. As margens da sociedade viviam as quengas e a história de Ana Carolina Trajano da Silva, Verônica, revelou uma triste realidade que muitíssimas jovens viveram naquelas décadas.
Os detalhes históricos são pouco a pouco acrescentados no texto e os personagens vão conquistando o leitor com suas particularidades. Grandes nomes da nossa história são citados entre eles o do saudoso Major Veneziano que tanto fez em prol dos menos favorecidos da época, a ele os pobres recorriam em suas tribulações e eram atendidos como gente. A dona América Correia e o Majó Juvino donos da terra aonde hoje se encontram o maior bairro de Campina Grande, são citados também.
Riacho das Quengas – Joilson Assis 07
O grande ajuntamento de Quengas ao lado do Açude construído pelo prefeito Cristiano Laurinthz foi palco de muitos amores, ódios e competições existentes entre as Quengas e as chamadas mulheres direitas. As lavadeiras que enchiam o sangrador do referido açude são palcos para estes conflitos vividos na sociedade da época. As brigas, as competições, as fraquezas e até os amores pelas quengas de homens que se apaixonavam perdidamente por algumas delas são citados com muita clareza pelo Autor. O livro é um retrato da prostituição da época e da ignorância que existia em nome da moral e dos bons costumes que vitimavam meninas ainda na adolescência que se “perdiam”, ou seja, perdiam a virgindade por ou amor ou engano.
Verônica foi uma menina feliz que por amor a um homem chamava Tavares “Se perdeu” com ele que fugiu logo que soube que o ato terrível pra época tinha sido descoberto. Verônica foi levada pelo próprio pai para á casa das Quengas como era chamada os becos de casa de taipas, de mau odor e pobres que as Quengas viviam. Triste e sem esperança Verônica tenta desesperadamente deixar de ser Quenga destino este entregue a ela por seu pai. Forçada pela vida e a necessidade a se prostituir Verônica vive a sua história acompanhada de diversas amigas, cujo livro conta um pouco da história. As tentativas de Verônica são frustradas pela própria sociedade da época que não aceitava que uma Quenga deixasse de ser. A rivalidade existente
Riacho das Quengas – Joilson Assis 08
Entre as mulheres “direitas” e as Quengas fazia com que as Quengas fossem mantidas longe da sociedade dos “Vivos” e dos homens. Não somente o autor chorou ao escrever esta História como mesmo me relatou, mas todo aquele que tiver uma sensibilidade literária chorará também com Verônica a Quenga Chorona. Ela se mostra uma mulher sonhadora que se contrasta com a parte existente nela de lutar para conseguir o seu ideal. Casos como da Quenga velha chamada Bianca da cidade de Itaporanga causa um grande emoção e tristeza na alma com esta triste realidade vivida por milhares de Biancas no mundo todo. O livro: Riacho das Quengas é mais que um conto Romântico, se trata de um verdadeiro documentário histórico do mundo da prostituição e da ignorância da sociedade da época. Um belíssimo filme passa na mente de qualquer leitor que sentirá dificuldade de dar alguma pausa na leitura. Um filme emocionante é o que você verá lendo o livro Riacho das Quengas. Você vai amar, aborrecer, odiar, chorar, interagir completamente com Verônica e seu mundo de tristeza e alegria. Boa viagem!
Cezar Carneiro Bezerra
Rubênia Maria da Cunha Araujo
Análise filosófica e cultural do livro riacho das quengas feita pelo professor de filosofia da universidade da Paraíba: Lindoval de Oliveira
O livro riacho das quengas além de ser um livro de profundo teor histórico, que abrange um passado pouco pesquisado da colonização de campina grande, ele nos traz um profundo conteúdo filosófico e cultural. O comportamento do povo da época de l690 a 1950 é expresso com um relato emocionante que conta em detalhes a mente do homem de campina grande da época.
Quando o escritor Joilson de AssisRESOLVEU ESCREVER ESTE LIVRO ENVOLVENDO TANTAS FILOSOFIAS ANTIGAS , PENSAMENTOS E CONCEITOS DOS NOSSOS ANCESTRAIS ELE FOI MUITO FELIZ. Este livro além de ser um ótimo roteiro de um filme que em breve, creio eu , será feito, ele é uma fonte para as novas gerações pesquisarem acerca dos índios cariris , tarairius , Teodósio de oliveira ledo e toda a estrutura inicial da nossa querida e belíssima Campina Grande .
A mente do homem da época que o livro abrange e suas idéias acerca de Deus, da mulher, dos filhos, da prostituição é totalmente diferente da mente do homem atual. A idéia da virgindade feminina e da pureza exigida da mulher é dramatizada na vida de Verônica em um drama emocionante que dificilmente o leitor deste livro não se emocionará.
A filosofia estuda estes pensamentos criados de maneira espontânea no meio popular formando a mente da população, dando origem as nossas bases filosóficas, ideológica.
Lendo o livro riacho das quengas você encontrará não somente a história da prostituição de Campina Grande, a historia de uma menina desamparada pelos seus em nome da moral, mas o universo cultural da época com suas filosofias, conceitos, cosmo visão.
Lindoval de oliveira
Professor de filosofia da universidade da paraiba
Riacho das Quengas – Joilson Assis 09
OS ANTIGOS HABITANTES DE CAMPINA GRANDE, PARAIBA
Breve comentário Histórico acerca de campina grande e seus antigos habitantes.
Habitava a 120 km do litoral da província da Parahyba, desmembrada da província de um povo bravo e misterioso chamado de Dezebucuá Cariris, os índios cariris. O mistério deste povo era grande, pois não há relatos de sua origem nem a forma de civilização que tinham. Eles não eram Tupys nem falava a referida língua dos Tupys, nem o Guarani que era comum as tribos existentes no sudoeste do País. Há vestígios que os índios Cariris moraram nas margens do rio São Francisco por muito tempo e sem motivos conhecidos resolveram habitar acima do Rio Paraíba e nas planícies chamada planalto dos Borboremas aonde hoje se encontra a bela cidade de Campina Grande. De onde vieram e quem eram eles? É uma pergunta que todos os historiadores se fazem. O que na realidade sabemos que os Dezebucuás Carirís era uma nação indígena diferente das demais da região que se concentravam na região do planalto da Borborema com pequenos grupos espalhados pela referida província como Cabedelo João Pessoa e Cabaceiras aonde eram chamados Cariris velhos. Tal povo era numeroso em demasia da terra do Bodopitá até o Riacho de Bodocongó. (De Fagundes a São José da mata hoje.) Devido a nação dezebucuá ser
Riacho das quengas – Joilson Assis 10
RESUMO HISTÓRICO DE CAMPINA GRANDE
INDIOS CARIRIS.
Numerosa e disposta a lutar pelo seu território, toda região dos Bodós (Nome dos índios Cariris) ficou intacta por 150 anos desde da descoberta. No caso dos Cariris o inimigo passou a morar de lado deles. Os portugueses em Fagundes, Cabaceiras, e boa vista aliando se aos Tarairus que tinham uma leve rivalidade com os Tapúias Cariris. O ataque seria apenas uma questão de tempo, até os portugueses se firmarem na terra e reunir forças para um ataque fulminante. Em Cabaceiras houve forte aliança entre os “Cariris velhos” com os portugueses da família Oliveira Ledo. Constantino de Oliveira Ledo, Antonio de Oliveira Ledo seu irmão por fim o seu neto Teodósio de Oliveira Ledo. Antonio era casado com Isabel Pereira de Almeida e as investidas de sua família para conter a revolta dos Tapuias os tornaram famosos e cheios de títulos. A confederação dos Bárbaros que durou cerca de quatro anos, 1688 a 1692 foram retidas por esta família principalmente por Clementino com a ajuda do sertanista Domingo Jorge Velho que, enquanto esteve na região dos Bodós (Pseudônimo dos Cariris) ajudou na batalha com os mesmos apesar de não haver relatos oficiais acerca deste assunto.
Com o enfraquecimento das forças dos Bodós a família Oliveira Ledo através da liderança de seu mais novo guerreiro Sanguinário Teodósio que foi constituído Capitão mor dos Cariris, investe na conquista da terra que ia do riacho da Bodo-
Congó até as terras de Bodopitá. Acredito que a palavra bodopitá designava toda planície de Campina Grande e não somente a região de Fagundes. Tanto o nome de bodocongó e bodopitá atribuo a índios conhecidos da época pois o nome bodó era o nome para designar índio e o sufixo determinava o individuo. Sendo assim bodó-pitá era o índio pitá e bodó-congó era o índio congó. Porem existe outras versões que podem ser igualmente consideradas. Teodósio de Oliveira Ledo investiu fortemente contra os índios Cariris com a ajuda dos Tarairus que moravam a leste da região de boa vista fundadas por ele. Várias tentativas foram feitas e muitos combates se travaram sem o sucesso almejado. Tudo indica que a região onde fica hoje o açude de Bodocongó tenha sido palco de grandes batalhas enterradas pelo tempo. A fazenda ramada onde hoje fica o bairro da ramadinha tenha recebido centenas de litros de sangue vindos dos combatentes incansáveis que cada vez mais se armavam e se odiavam. Neste tempo a região ainda não era chamada de Campina Grande, mas é exatamente a vista de quem vem do Oeste para o leste da região, de longe avista uma Campina Grande. O governador geral naquele período era Matias da Cunha que se mostrou insensível com as vidas dos índios e sensível aos interesses dos Brancos colonizadores e a eles dava sesmaria bastando à solicitante escrever a solicitação. Em 1694 Constantino morreu e Teodósio assumiu o seu lugar definitivamente como Capitão mor dos Cariris índios que a história nos aponta para uma destruição diária e por motivo de extermínio. Há casos na história que Teodósio fez aposta de quem matava mais e em outros casos fez teste da afiação de seu facão nos pescoços de índios Cariris já rendidos.
Riacho das quengas – Joilson Assis 12
RESUMO HISTORICO DE CAMPINA GRANDE PARAIBA
INDIOS CARIRIS.
Com a destruição dos índios Cariris Teodósio assume a sua região a qual recebe em curto período o título de Vila sendo chama VILA NOVA DA RAINHA. O nome Campina Grande surgiu no mapa de Horaty em 1697 de uma forma ainda tímida e não Generalizada. Com a família Oliveira Ledo vieram muitas outras Os Almeidas, Barbosa, Figueiredo, Cruz, Pereira, Cunha, Correia, e os Franciscos que eram um sobrenome na época. Com a dizimação dos Dezebucuás Cariris os índios tarairus foram chamados para morar na região de Campina Grande e tomaram por nome mais adiante Cavalcantes e moraram em várias regiões da cidade principalmente no bairro da Nossa Senhora da Conceição, hoje bairro da Conceição. Os cariris que sobraram fugiram para regiões centro da província, outros para a região Buxaxá, hoje cidade de Areia, aonde ganharam o pseudônimo de tristonhos por causa de seu comportamento melancólico. Os Cariris foram dizimados impiedosamente sem serem estudados em profundidade e seu idioma, até que se prove ao contrário, não catalogado como o Tupy e o Guarany. A matança foi tanto que o rei de Portugal escreveu uma carta a Teodósio que “Não desse muito as caras o que estava brutamente sendo executado nas terras dos Bodós.
Com o implantamento do povoado e da igreja sede na região chamada de BARROCAS hoje centro de Campina Grande, a cidade passa a crescer de uma forma esplêndida. O mercado de
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RESUMO HISTÓRICO DE CAMPINA GRANDE, PARAIBA
barrocas cresce e atrai inúmeros comerciantes devido a localização da cidade que se tornará passagem obrigatória para os viajantes. Os dias, família que ajudou Teodósio no extermínio dos Cariris se estabeleceram na cidade, mas não teve o mesmo destaque que as demais que cresceram fortemente. O clima e a água boa atraiam moradores que buscavam terras e novos horizontes.
A terra dos Bodós sobre o comendo dos brancos cresce rapidamente mais do que muitas capitais do litoral e muitos povos começam a estruturar os seus comércios e industriais na cidade. Índios colonizados e povos de outros povoados vieram á Campina para fixar seus projetos e plantar o seu futuro. Campina se mostra um campo fértil para as novas idéias e seu clima agradável convida as multidões de empreendedores á morarem em suas terras. A rainha da Borborema, devido a uma tribo que existia na região com este nome, recebe vários grupos étnicos como Judeus, Alemães, Austríacos, turcos que contribuíram fortemente para o desenvolvimento da região. Em 1828 foi construído o maior reservatório d’água de toda região: O açude velho. Gigante por natureza ele sustenta a cidade de Campina Grande durante cem anos sem negar recursos d’água para todos. Salvou a cidade de duas secas terríveis as de 1845 e 1877 atraindo mais ainda moradores. Um grande povoado vai se formando aos arredores do açude velho onde moravam as elites da época filhos dos colonizadores. O açude novo também foi construído quase no
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Mesmo período do açude velho em 1830 e cem anos depois perdeu sua finalidade sendo transformado em parque pelo prefeito Evaldo Cruz. A cidade cultivava uma vida simples mais bem atuante em todos os aspectos já que a cultura do algodão, o outro branco, foi implantada com sucesso em toda província e os viajantes passam com mais freqüência pela cidade que vai pouco a pouco sendo invadida por inúmeras fábricas de diversos produtos entre elas a de beneficiamento de algodão e refino de oleio de algodão. Em 1909 chega a cidade o primeiro cinema o que na época era algo de extrema demonstração de prosperidade. A vinda do cinema só foi possível devido à vinda da ferrovia em 1907 trazendo sonhos e condições de crescimento para todos da região. Todos assistiam admirados os crescimentos da cidade de Campina Grande que ganhou o PSEUDÔNIMO DE CAMPINA DO TRABALHO. O comércio e as indústrias que existiam em Campina, na época, a tornavam tão competitiva quando o Recife, João Pessoa e outras Capitais. Realmente Campina se tornou na época Capital do trabalho e a prosperidade parecia sorrir para a maioria da população Campinense. O crescimento obrigava as autoridades de Campina buscar novos recursos hídricos e foi nesta necessidade que nasceu a idéia da construção de um imenso açude onde havia uma pequenina aldeia ao redor do rio Bodocongó aonde existia um barreiro não muito grande. O rio Bodocongó era afluente do rio Paraíba e com seu curso entre elevações poderia dar um excelente açude.
Riacho das quengas – Joilson Assis 15
HITÓRIA GERAL DE CAMPINA GRANDE PARAIBA
RESUMO HISTORICO.
Firme em seu intento de trazer prosperidade á cidade o prefeito Cristiano Lauritzem mandou construir a barragem represando as águas do Riacho de Bodocongó dando assim origem ao grande alude de Bodocongó. Com as águas represadas a pequena fonte d’água que ali existia passou a ser o grande açude de Bodocongó. Com as águas represadas a pequena fonte d’água que ali existia passou a ser o grande açude de Bodocongó, palavra de idioma Dezebucuá Cariri. O período de sua inauguração foi em 1915 a 1916. O que o saudoso prefeito não sabia era que estava construindo um patrimônio ao amor, ao romance de milhares de pessoas. Realmente com a barragem das águas nasceu um grande açude, mas as águas de Bodocongó eram levemente salobras não serviam para beber. Mesmo com esta situação muitas pessoas se utilizavam para beber das águas de bodocongó e para pescarem já que havia peixes em fartura na época no referido açude. As águas serviram para os bairros da casa da pedra (Santa Rosa), Jeremias e pedregal e deu origem ao bairro de bodocongó que na época era porta de entrada para os viajantes vindos do interior do Estado. Uma imensidão de água era um convite aos amantes e apaixonados que em barquinhos atravessavam de um lado para outro do referido açude. Apesar do açude velho ser o maior de TODA A REGIÃO, foi no açude de Bodocongó aonde o romantismo foi vagarosamente se estabelecendo, a margem de suas águas. As águas do grande Bodocongó tinham uma tendência inexplicável ao romance, ao amor e era aonde o povo mais simples costumava freqüentar e viver suas paixões.
Riacho das quengas – Joilson Assis 16
Histórico geral de Campina Grande , Paraiba
Campina Grande prossegue em sua prosperidade e inaugura no município visinho um sistema de abastecimento d’água boa para consumo. Ao redor do açude de Bodocongó surgiram os costumes dos Motas e dos Vilarins, a industria têxtil e mais tarde a Ipelsa, industria de papel e celulose. Vendo a história de Campina Grande até 1930 percebemos que a mesma era um exemplo NACIONAL DE CRESCIMENTO E PRODUÇÃO. Campina era rica pelo seu trabalho, pelo seu pátio de indústrias que era vastíssimo e empregavam milhares de pessoas. Em toda cidade explodiam frente de trabalhos que eram fontes de prosperidade e renda para milhares de Campinenses. A referida prosperidade se manteve estável até meados de 1975 aonde se iniciou um visível declínio financeiro o qual foi escondido pelos políticos da época através de festas, tentando talvez aquecer a economia de outrora. Como todo o nordeste sofreu Campina Grande sofreu também e o seu crescimento desacelerou visivelmente e as muitas indústrias se retiraram da Rainha da Borborema. Apesar do visível declínio financeiro e de seu parque industrial, Campina se manteve como cidade universitária com várias universidades e núcleos de estudos. Mas se este crescimento que outrora demonstrava manter-se, Campina Grande seria sem nenhuma dúvida uma cidade de mais de Oitocentos mil habitantes. Atualmente ela se encontra em uma média de
Riacho das quengas – Joilson Assis 17
Quatrocentos mil habitantes. (2006) tendo estrutura suficiente para ser bem mais do que já é.
Nas décadas de 1940, 50, 60 e 70 uma multidão de Campina Grande imigrou principalmente para o Rio de Janeiro em busca de trabalho e prosperidade na cidade maravilhosa. Atualmente Campina toma seu fôlego de prosperidade e tenta voltar ao ritmo que antes era estabelecido.
Joilson Assis da Silva
Riacho das quengas – Joilson Assis 18
Nota histórica
História de Campina Grande, Paraiba
A revolta dos tapuias ou confederação dos índios cariris.
A confederação dos Cariris ou a revolta dos Tapuias como foi chamado a revolta dos gentios entre 1688 a 1694 foi indiscutivelmente a maior revolta armada de índios contra os colonizadores do Brasil. Não houve em nenhum estado de nossa federação uma revolta que se assemelhe a esta de 1688 na Parahyba. Os ataques surpresas dos índios as caravanas dos brancos não tinham menos de dez mil nativos armados com flechas e alguns com armas de fogo contrabandeadas pelos Franceses e trocadas por pedras preciosas. Não menos de dez mil nativos flecheiros atacavam nestas emboscadas e em várias outras com número superior colocaram para correr até o Famoso sertanista Domingos Jorge Velho e seus comparsas correram em busca de abrigo entre índios amigos.
A luta dos sertanistas neste período de revolta dos Tapuias foi muito intensa e sangrenta. Índios e negros de outros lugares foram chamados para enfrentarem os índios da parahyba que esmagaram inúmeras vezes estas tropas que buscavam o domínio completo da região ainda pouco explorada. A coroa Portuguesa tentava mostrar que tudo estava sobre controle e disfarçar o cheiro de sangue que subia do solo Parahybano que fervia em ódio. A idéia Portuguesa era isolar os revoltosos e colocar nativos estranhos contra nativos para depois dominarem os
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Que restaram. Com o tempo a tática Portuguesa deu certo e os Índios se digladiaram sobre o solo da Paraíba, depois de se destruírem o restante pobre e sem lideranças foram esmagados por tropas sertanistas que constantemente subiam da Bahia e do Recife. A revolta dos índios apesar de levar o nome de Confederação dos Carirís era de várias nações indígenas entre elas os tarairus, Pegás, os janduis e muitos outros. A revolta dos nativos era justa? Sim, os Brancos acabaram de tomar terras que pertenciam a eles e tentaram várias vezes escravizá-los para o enriquecimento da Coroa. Até os Jesuítas e depois os Franciscanos foram expulsos por não aceitarem os MAUS TRATOS E A ESCRAVIDÂO QUE A COROA ATRAVES DE SEUS LIDERES QUERIA IMPOR A TODOS OS NATIVOS.
Depois do enfraquecimento do movimento de revolta veio da parte dos Brancos uma vingança silenciosa e rápida sobre todos os índios ao longo do território. Aldeias eram queimadas, índias estupradas e crianças e adultos mortos impiedosamente. Foi o massacre da coroa: Toda história foi ABAFADA para não assustar os novos moradores.
Nota sobre A palavra Quenga
A palavra Quenga é uma palavra puramente regional que significa Mulher prostituta. Quenga é a parte fêmea do
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Cóco a que tem furos e eram utilizadas na cozinha como concha para servir feijão sem caldo. Possivelmente vinha de origem indígena para designar fêmea e não prostituta paga, nem loucos sexuais, nem bordeis. Tais fatos existiam somente entre os chamados civilizados e não pagãos. Uhhh, que coisa em?
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AÇUDE DE BODOCONGÓ
RIACHO DAS QUENGAS
1930
RIACHO DAS QUENGAS – JOILSON ASSIS
A ORIGEM DO FORRÓ BODÓ
leia o livro escutando a linda canção de Flavio José
obs.: Flavio José é a rica expressão do forró poético e o cantor de forró preferido do professor Joilson de Assis
As canções de Flavio José é um arquivo poético das origens do forró e de sua filosofia afirma Joilson de Assis
O forró está entre as expressões mais fortes do povo do nordeste brasileiro. Quase todo nordestino, principalmente Paraibano, nasceram e cresceram as luzes da fogueira de são João. Até o mês por muito tempo não era referenciado como mês de junho, mas o mês de são João. Como o Brasil foi colonizado pelo nordeste temos no forró uma das expressões mais antigas do povo Brasileiro miscigenados por várias colonizações. Todo nordestino traz no sangue o forró e as fogueiras de são João que na antiguidade eram enormes e sempre acompanhadas de muita comida, festa com musicas. Milhares de nordestinos resolveram as suas vidas emocionais às luzes das fogueiras de são João aonde nasciam os amores as juras de amor, as paixões. Podemos afirmar com toda certeza que a festa do senhor São João no nordeste foi e ainda é a expressão mais forte de sua cultura forte e miscigenada.
A presença dos franceses, dos ingleses e espanhóis no nordeste é relatada nas expressões juninas das quadrilhas com palavras em Frances, do boi bumbá , um expressão que se parece muito com as touradas espanholas,e das danças como bailes ingleses.Realmente o forró bodó tem muito haver com o nordeste e com a Paraíba .
O próprio nome: forró bodó significa a junção das palavras inglesas: for mais all significa: para todos. O nome bodó era o pseudônimo dos índios nativos da região, eles eram chamados de bodós , por isto temos bodo congo , bodo pitá , eram possivelmente nomes de bodós, ou seja de índios que eram chamados de bodó.Possivemente o nome xodó venha da mesma origem e significa na cultura nordestina amor , rapaz para amar, xamego .
Na Paraíba a força do forró é incrível dando a impressão que o forró nasceu aqui ou perto da Paraíba e foi totalmente absorvida pelos habitantes da região. Em Campina Grande a cultura era tão grande que no dia de são João a fumaça impedia as pessoas de ver a algumas dezenas de metros e o cheiro da lenha pairava no ár.as moças e os rapazes se preparavam o ano inteiro para este dia tão especial aonde o amor aflorava de uma maneira harmônica e sadia , todas as famílias se alegrava e as festas juninas superavam em alegria a festa do ano novo.
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Comentário Histórico inicial
Estranho a grande prosperidade que houve na cidade de Campina Grande nas décadas de 1910, 20, 30, até 40 estava o ajuntamento de barracos existentes a margem do riacho bodocongó que serviam como casas das quengas como eram chamadas as prostitutas na região. As quengas de Bodocongó em sua maioria constituíam-se de mulheres abandonadas por seus esposos virgens defloradas sem o homem que a deflorou assumi-la, eram chamadas na época de “Perdidas” por ter desonrada a família com a perca de suas virgindades. Existiam também muitas descendentes de índios que pela pobreza acabavam na zona de prostituição para sobreviverem.
A sociedade da época parecia cega para auxiliar este grupo de pessoas que eram tidas por grande desprezo social apesar dos nobres daquela terra muitas e muitas noites dormirem nos braços de uma daquelas quengas que tanto desprezavam. Muitas delas eram de família de nome, mas ao saber que sua filha “se perdeu” o pai ordenava impiedosamente que a mesma fosse enviada imediatamente para o Riacho das quengas aonde a mesma era recebida por uma cafetina que a orientava na nova vida que começara. Depois de algum tempo entre as quengas a sociedade repudiava até o lugar de acento das mesmas com medo das doenças adquiridas nas noites.
Riacho das Quengas - Joilson Assis 23
A região chamada na antiguidade de Zona em sua
Maioria era pobre e de pouco higiene e o tratamento não era dos melhores com as quengas. Geralmente elas apanhavam muito e em muitos casos eram queimadas com pontas de cigarro como era uma espécie de “Tara” existente entre os homens da época. Nisto era comum entre as chamadas Quengas manchas em suas pernas feitas por queimaduras de cigarros de seus clientes. A zona existente ao redor do Açude de Bodocongó era constituída de vários casebres de taipa, (Madeira com barro) às vezes sem banheiro ou com um banheiro só para vários casebres. Era um ambiente muito pobre aonde os viajantes vinham tirar suas tensões e depois se banhavam nas águas do açude de Bodocongó. Isto muitos morriam, pois procuravam banharem-se ainda bêbados e ali mesmo ficavam. Era um choque mito grande para as meninas “Perdidas” se tornarem
Membros de ambiente tão diferente de algo que chamava de lar. Era pior que qualquer prisão, pois aquele ambiente
Parecia um destino sem volta e sem piedade. A realidade foi horrível, pois MILHARES DE MOÇAS DE FAMÍLIAS QUE PERDIAM SUAS VIRGIDADES ATÉ POR AMOR ERAM OBRIGADAS PELO SISTEMA A SE TORNAREM QUENGAS E HABILITAREM NESTE AMBIENTES. Elas eram forçadas a ser algo errante na sociedade que jamais aceitavam elas de volta.
Tal ação do repúdio da família parecia uma sentença de morte para aquelas jovens já que o tempo de vida das
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Chamadas Quengas era resumidíssimo chegado a pouco mais de 30 anos com mortes terríveis, vítimas de sífilis e doenças desconhecidas eram abandonadas em suas casas de pau e barro á morrerem sem assistência alguma. Geralmente estas mulheres logo cedo eram acompanhadas por sarnas e piolhos, caroços e manchas dando sinal de longe para as demais pessoas de sua profissão. Depois de ser quenga por um tempo nenhuma mulher encontraria fácil um emprego, uma lavagem de roupa ou um homem que a queira mesmo que seja para maltratá-la. A cultura da civilização da época era muito cruel com estas MULHERES PERDIDAS, pois existia entre os homens a cultura do “Homem cafajeste” que era aquele que transava com todas e vivia atrás de uma virgindade de uma boba qualquer. Eram comuns as promessas de casamento e a entrega por amor da virgindade e logo após o individuo desaparecia depois de ter contado para todos os amigos. A notícia logo chegava ao pai da moça que para proteger as demais filhas de se perderem JOGAVA impiedosamente a filha para o cabaré como um lixo humano. Realmente a humanidade é desumana! As quengas tinham as cafetinas que agiotava o sexo e ficavam com o lucro do comercio sexual deixando apenas migalhas para as meninas sob o seu comando. Era triste a situação daquelas mulheres que acabavam super marginalizadas e não tinham nenhuma possibilidade de prosperidade. Era raríssimo o caso de uma quenga conseguir alguém que a retirasse daquela vida e quando isto acontecia parecia para as meninas um milagre.
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Toda quenga sonhava fortemente encontrar um homem que se apiedasse dela e a retirasse aquela vida de extremo sofrimento e dor na alma. O uso de prostitutas era muito comum na época citada e todo jovem era levado pelo pai às chamadas quengas para serem iniciados sexualmente e estes acabavam vivendo entre elas até um dia se casar com uma virgem jovem de boa família. Nisto o negócio dos cabarés eram lucrativos e existiam vário níveis entre eles: Os “Caros”, xíques aonde só entravam homens de palitos com gravatas e aqueles que comumente eram chamados de “CAI CÓRO” aonde a pobreza vinha se aliviar. Em Campina Grande o cabaré mais xíque foi o Eldorado nas décadas de 50 e 60 e o mais popular era o da velha Antonia (Véia Antonha) um cabaré de bairro e popular que até os dias atuais é citado. Os caberes existentes ao lado do açude de bodocongó é o cenário aonde viveu Ana Carolina Trajano da Silva e milhares de outras “Carol” que ao redor do espelho d’água viveram seus conflitos existências, suas dores, seus sonhos e amores. Foi neste cenário aonde muitas mulheres enfrentaram seus conflitos de quengas.
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verônica é a mais linda dos amores
verônica sonhos encantos desamores
o teu olha é desabrocha de muitas flores
um encanto de menina em uma mulher
todos os encantos de menina trazendo grandes sonhos ilusões um jeito um doce e meigo que fascina
é ela que encanta muitos corações uma mulher menina uma menina mulher beleza que domina a multidões
verônica é a mais linda dos amores
verônica sonhos encantos desamores
o teu olha é desabrocha de muitas flores
um encanto de menina em uma mulher
auto Andre Kary
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MÚSICA
Quem é que não chora por amor
Quem é que não teve uma ilusão
E por isso foi o que aconteceu comigo
Amei, não fui amada me entreguei
Entra solidão que a casa é tua
Arrasa com esta mulher sofredora
Enquanto ele está feliz com outra
Pouco a pouco vai morrendo coração.
Por que será que eu sofro assim
Ninguém na vida tem pena de mim
Vou esperar até o final da vida
Te espero querido não tenho ninguém
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INICIO DO ROMANCE, CONTO EM FORMA DE RELATO.
OBS.: ALGUMAS FRASES SÃO ESTRITAMENTE NORDESTINAS.
- Estamos aqui para batizar esta criança em nome do pai, do filho e do espírito santo. Amém
- Como é o seu nome?
- José Trajano
- E o da mãe?
- Maria da Silva
- O nome da criança será?
- Ana Carolina Trajano da Silva
- Estamos aqui para batizar Ana Carolina Trajano da Silva em nome do pai, do filho e do espírito santo; amém.
- Amém!
- Em nome da santa igreja eu abençoou esta criança e a batizo nas águas como foi Jesus o salvador.
- Amém
- Que esta criança seja uma benção e muita alegria tenha na vida.
- Nome dos padrinhos?
- Josefa da Silva e Antonio Lima
- Esta criança está batizada e purificada pelas águas amém.
- UUUeeé, Uuué...
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CAPÍTULO 1
Eu nasci em 17 de Dezembro de 1907 na cidade de Campina Grande no bairro da casa da pedra (Santa Rosa hoje) e o meu parto foi feito por uma freira chamada Luzia na casa de meu pai. Fui batizada na capela do bairro de Bodocongó por um frei chamado Anastácio, com o nome de: Ana Carolina Trajano da Silva, meu pai se chamava José Trajano e minha mãe Maria da Silva.
Meu pai era tropeiro e minha mãe lavadeira de roupa das famílias ricas. Morávamos em uma casa simples no bairro da casa da pedra.
Foi neste ambiente aonde cresci o obtive as primeiras imagens do mundo que havia chegado. Quando chagamos no mundo encontramos um sistema já feito, leis e regras já estabelecidas que temos que nos adequar a elas. As primeiras imagens que tenho na minha mente são de cinco anos de idade correndo e brincando com amiguinhas ao redor de minha casa. O mundo na época em minha mente não se estendia além das paredes de taipa da casa de meu pai. As próximas imagens de minha mente datam-se aos meus sete anos de idade e das minhas muitas bonecas feitas de espigas de milho retiradas ao redor de minha casa. Eu passava o dia todo
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Conversando com elas e o engraçado era que elas respondiam para mim utilizando a minha boca e minha voz. A boneca que eu mais gostava era Isabel, ela era tão sonhadora e vivia pensando em viajar e conhecer o mundo. E eu pensava comigo: Existia gente além daquelas elevações, depois das montanhas existiam outras cidades? Eu conversava tanto com minhas amiguinhas e todas elas gostavam de fuxicos e fofocas. Viviam conversando acerca dos vizinhos que moravam um pouco distante, mas de longe eu e as minhas amiguinhas observávamos tudo, era bom demais. Dona Maria chegava com suas “Trouxas” de roupas e com a água que era trazida em um jumento eu brincava o dia todo.
Aos dez anos de idade lembro-me que passei a perceber que existia uma larga diferença entre os homens. Uns comem do melhor e outros passavam fome ou tinham que trabalhar arduamente para conseguir alguma comida. Existia amiguinhas minhas que se vestia com roupas tão bonitas e eu desejava tanto uma daquelas, mas meu pai não tinha condições de me dá. Ele viajava muito e quando chegava trazia consigo um tremendo mau humor e foi nesta idade que presenciei as primeiras brigas de
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Meu pai com minha mãe. A briga era violenta e minha mãe batia e apanhava muito. É claro que eu corria no meio deles tentando apartar, mas era em vão os dois continuavam. O que eu podia fazer era chorar alto talvez eles parassem. Depois de muitas tapas dadas pelos dois os mesmos iam dormir na mesma cama e no mesmo quarto o que eu na época não compreendia. Por que tanto ódio se eles se amavam? No outro dia eles conversavam normalmente como se nada tivesse acontecido e quando o meu pai partia com seus burros ela chorava de Saudade. Eu tinha um irmão mais jovem e a barriga de minha mãe começava a crescer de novo e aquele era o sinal que um irmãozinho iria vim me fazer companhia. Foi aos dez anos que percebi que não era igual ao meu irmãozinho, pois ele tinha uma torneirinha no lugar aonde eu não tinha nada. As mulheres brincavam com ele e cheiravam sua torneirinha, mas eu nunca fui cheirada no mesmo canto que ele era. Eu era uma menina e tinha direitos diferentes do que os meninos com suas torneirinhas. Mas por que se já nascemos assim? Eu não compreendia, alias quase nada eu compreendia. Eu não compreendia quando eu ouvia gemidos vindos do quarto de meu pai. Será que minha mãe estava o maltratando? Eu era tão inocente
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e a curiosidade acerca do assunto me trazia medo. Foi também aos dez anos que vi a minha mãe chorar contando às amigas que meu pai tinha uma QUENGA lá no açude de bodocongó e ela iria dar uma surra nela a qualquer momento. O mundo dos adultos era muito estranho para mim e uma porção de coisas sem significado eram ditas e eu nada entendia. Meus pais brigavam, brigavam,depois iam para o quarto e gemiam,gemiam. Os adultos eram tão estranhos para mim! Foi quando eu tinha dez anos que viajamos para um lugar puxinanã para vermos uma festa muito grande de inauguração de um grande açude. Tinha bebidas, danças e bêbados apertando as minhas bochechas dizendo que eu era linda. Muitos cavalos e até carros tinham na festa. Achei bonitos os carros que se moviam sem cavalos deixando uma fumaça preta no ar.(Possivelmente uma inauguração de um açude qualquer e não o açude de puxinanã, o principal,pois foi inaugurado somente em 1927)Comi muito e conheci vários amiguinhos e amiguinhas.Foi nesta festa onde fui abraçada pela primeira vez por um menino que me beijou EME agarrou. Eu não sabia por que mais gostei muito. A idéia mostrava que era errado, mas a intuição femi-
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nina dizia que não.
Aos onze anos eu gostava de brincar de pega-pega e de vez em quando minha mãe pedia para eu lavar umas roupas para auxiliá-la. Como alguns tinham tantas roupas, eu, minha mãe e meu pai tinham tão poucas? Por quê? Mas não importa, bastava eu lavar algumas peças para ser liberada para brincar com a garotada. As casas na época eram distantes, mas uma criança sempre busca outra para brincar como um adulto busca outro para conversar. A inocência na época era muito grande e a malicia natural custava a surgir em qualquer criança. Aos onze anos eu já era bonita, mas ainda era uma menina no corpo e na alma. O que realmente eu gostava de fazer era brincar, brincar, pois me fazia sonhar. Brincávamos de casinha e de soldado e índio e pedaços de paus eram nossas armas mortais. O que me estranhou um dia foi ver uma amiginha minha da minha mesma idade brincando diferente com um menino que a forçava contra a parede levantando sua saia. Fiquei horrorizada com aquilo, pois sabia que o pai dela não iria gostar de saber daquilo. Por insistências de minha amiga eu não disse, mas fiquei curiosa e uma vontade inexplicável me levava pra que eu praticasse o mesmo.
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Finalmente chegou o dia e contra a parede fui pressionada fortemente e a minha saia aquele menino levantou e passou a mão em mim. Eu queria saber por que daquilo, mas percebi que era bom. Certo dia passando pelas casas das quengas pôde observar pela porta mulheres sentadas no colo de homens bebendo e fumando mas eu ainda não compreendia o sistema da vida. Continuava com as minhas bonecas brincando de professora, de mãe e até de pai. Minha mãe teve vários outros filhos e eu como a mais velha cuidei de todos enquanto Maria da Silva lavava suas roupas.
Para evitar o transporte de água até lá em casa a minha mãe começou a lavar as roupas no próprio açude que tinha acabado de ser inaugurado no ano de 1917 e eu ia junto para ajudar. Depois de lavarmos uma imensidão de roupa as mulheres começavam a falarem de seus amores e entre uma palavra e outra sempre surgia uma intimidade que aumentava mais ainda a minha curiosidade acerca do assunto. O que os homens faziam com as mulheres que elas achavam tão bom? Naquelas escorredeiras se falavam de tudo, de chifres, de moças perdidas, de tudo.
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Aquelas mulheres eram mais fuxiqueiras que as minhas bonecas! Elas realmente falavam de tudo, de Deus e do mundo inteiro e enquanto suas mãos trabalhavam suas bocas contavam estórias incríveis. Será que toda lavadeira é fofoqueira? Era o que se passava em minha mente constantemente.
Eu Sonhava muito em um dia ser mulher de dono de engenho que era homens bravos e ricos segundo as lavadeiras comentavam. Eles viviam em mansões arrodeiados de capangas e tinham muitos empregados aos seus serviços. Mas eu ficava na dúvida se casaria com um senhor engenho ou um soldado valente do exercito para ter filhos valentes e fortes. Quem sabe eu não conseguisse andar até em um daqueles carros barulhentos e com muita fumaça saindo por detrás dele. Cada história contada por aquelas lavadeiras de roupa eu viajava em minhas imaginações e uma hora eu era mulher e delegado, em outra de político. Algumas vezes sonhava em ser enfermeira e tratar de vários doentes salvando vidas. Eram tantos os meus sonhos que aquelas mulheres que lavavam roupa muitas vezes me acordavam com gritos, em meus sonhos acordados parecia que eu saia de meu corpo.
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Apesar de lavarmos roupas próximas aos barracos das quengas era difícil ver uma já que o nosso grupo de mulheres não se dava com elas, pois existia uma incrível rivalidade entre as mulheres “direitas” e as quengas que arrastavam e conquistavam vários maridos. Nisto as mulheres “direitas” tinham certa fobia acerca das quengas. As “direitas” também não permitiam que elas viessem lavar roupa nas pedras que lavavam com medo de doenças como sífilis e outras. Mas como as quengas tinham um jeito de desbocada em um dia ao chegarmos pela manhã no açude de bodocongó onde ficavam todas as “mulheres direitas” tinha uma quenga bem na nossa pedra lavando suas roupas. As amigas de minha mãe já deram sinal com os olhos que tinha algo errado acontecendo. Maria da Silva não gostou muito deste assunto e foi até a quenga pedindo a pedra em que ela estava utilizando. – “Ah, benzinho eu só vou deixar esta pedra quando terminar.
- “Esta pedra é minha saia agora!”
A rivalidade entre as quengas e as mulheres chamadas de direitas era nítida e a conversa entre a minha mãe e a quenga foi esquentando até que a quenga puxou um canivete de dentro dos
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Seios quase desnudos e chama a minha mãe para a briga. Aquela mulher não deveria fazer aquilo, pois Dona Maria era muito brava e sempre dizia que tinha sangue de índio bravo da bacia do Rio do Peixe interior do Estado. Vi raiva no olhar da minha mãe que pulou em cima dela com a faca e tudo. A briga foi feia e as duas acabaram nas margens do açude e nas águas dele brigavam como homens costumavam brigar. As quengas tinham fama de desbocadas e bravas até com homens na noite brigavam fortemente com murros e ponta pés. Tentei ajudar a minha mãe, mas suas amigas me seguraram enquanto agarradas nos cabelos as duas se desnudavam em pleno combate corpo a corpo. Na briga que mais parecia uma luta por território masculino do que por pedras ao redor do açude a quenga declarou:
- “Ah, você quer ser tão brava, mas o seu marido tem uma quenga em São José da Mata (Lugar visinho) há, há, há...”
Isto irou a minha mão fortemente que pulou em cima dela e caíram na água com a torcida das lavadeiras de roupas gritando o nome de minha mãe. O meu medo era dela matar a minha mãe ou minha mãe matá-la e depois os soldados levarem ela. Na bri-
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Ga Dona Maria leva desvantagem e a quenga desfere vários golpes nela que cai na água em um lugar mais fundo desmaiada se afogando. Depois de vencer a luta a quenga olha ao redor e ninguém vai socorrer a minha mãe e eu grito chorando. Aquela quenga com o nariz sangrando pulou na água e retirou minha mãe desmaiada, retirou a água que estava em seus pulmões fazendo respirar novamente. Foi esta cena que me fez perceber que as quengas não eram tão desumanas assim, ela tinha se compadecido de minha mãe mesmo depois de levar muitos golpes dela. Com a minha mãe já falando, aquela quenga pega suas roupas ainda molhadas, ajeita suas roupas rasgadas na briga e vai embora para seu lado do açude. Nunca me esqueci destas cenas e o fato de ninguém sair para socorrer a minha mão mesmo sabendo que ela estava morrendo afogada marcou muito. A visão da quenga fazendo respiração boca-boca com minha mãe tentando salva-la ficou na minha mente até os dias de hoje.
A rivalidade entre as “direitas” e as quengas era grande e toda esta história era por motivo de seus maridos muitas e muitas vezes passarem às noites abraçados as quengas nos forrós ao redor do açude. O bar das quengas, como era
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Chamado bar Santo Antônio, era o mais freqüentado de toda região e era nele onde homens pobres davam uma de ricos e pagavam para todos, bebidas e comidas. De outro lado havia um ciúme das quengas que não conseguiam ser mulher de um homem só, não conseguiam pertencer a um único homem que era o sonho de todas elas. Revoltadas com suas vidas promiscuas elas insultavam as “direitas” por invejarem suas vidas. As noticias corriam e era comum donas de casas acompanhadas de outras amigas “direitas” visitarem as casas das quengas com paus e facas e ai o quebra pau acontecia. Era um show e todos paravam para ver. Por quem será que os homens torciam, por suas mulheres “direitinhas” ou por suas quengas ali representadas?
Apesar da pouca idade eu conhecia Dona Maria da Silva e ela iria fazer sim qualquer coisa, era só uma questão de tempo. Certo dia minha mãe recebeu a visita de quatro amigas e diz para mim cuidar de meus irmãos e saiu armada com destino a uma quenga em São José da Mata por nome Chica Preta, Maria Francisca da Silva, Chica Preta porque era negra. Eu não sei o que aconteceu, mas as quatro voltaram machucadas, mas rindo de situações vividas onde foram. È, elas foram atrás de Francisca e
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Deram uma surra nela e em suas amigas. Dona Maria estava de alma lavada, mas ferida, pois soube que Chica Preta tinha três filhas de meu pai e que ela não era a única quenga de meu pai, existiam várias outras. Eu não compreendia como um homem tão moralista era tão namorador. Na vida todo homem se contradiz e muitas demonstrações de moral não passam de estupidez disfarçada. Dona Maria teve que se acostumar com as quengas de meu pai apesar de brigarem bastante ela sempre cedia aos seus desejos. Era o sistema que já existia quando eu vim ao mundo, mas como mudá-lo? Completei meus doze anos ouvindo brigas e amores dos dois. O que mais me estranhava era as pragas que os dois diziam sobre mim que era a mais velha. Bastava uma raiva e desejos que eu seria isto ou aquilo surgiam fortemente. Eles desejavam coisas terríveis ao meu respeito por coisas banais que cometia como quebrar um prato ou uma xícara. Logo eu seria uma quenga uma sem futuro etc. isto me magoava muito, mas nada eu podia fazer era desta forma que muitos pais do nordeste tratavam suas crias. A minha própria mãe dizia que praga de mãe era danada e ela mesma deseja coisas ruins para mim e meus irmãos. Como minha mãe desejava que
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Eu fosse o que ela mais odiava: uma quenga. Existia no Nordeste uma cultura praguejadora muito grande, principalmente entre os mais pobres. Mas alegria, como ter mais uma irmãzinha, tirava todas as magoas de palavras fortes que recebia.
Foi no final dos doze anos que senti uma grande transformação em meu corpo. Foi neste período que veia a minha primeira menstruação e os cabelos esconderam algumas partes de meu corpo que antes era vista desnuda. Foi no mês de dezembro que senti algo muito estranho em meu corpo. Pela manhã cedo fui enviada para buscar leite na casa de dona Josefa Goes, dona Zéfinha do leite. Para dar tempo lavar muita roupa ao lado do açude, fui bem cedo assim que clareou, a casa dela que ficava próximo a mata da família Correia, a mata de Dona América Correia (Véia Merquinha) Eu gostava de buscar leite montada num jumento chamado Roxinho, pois na volta tinha um rapaz muito bonito que acenava para mim. Será que ele era meu namorado? Todos os dias aquele rapaz me aguardava e me dava tchau, era um namoro silencioso na base de olhares e beijos enviados com as mãos. Eu era tão jovem mais já tinha um namorado, quantos filhos será que eu terei com ele?
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Naquele dia cheguei muito cedo à casa de dona Zefinha do leite e parecei que todos estavam dormindo. Até o cachorro já tinha se acostumado comigo e nem mesmo “latia” a me ver. Naquela época as casas eram feitas de barro e paus com dedos que davam para ver tudo do outro lado. Como todo adolescente é curioso andei do lado da casa e curiosa com um barulho estranho, olhei vários buracos na parede. A surpresa veio em um dos buracos existentes de lado do quarto de dona Zefinha com seu esposo em um ato que nunca tinha visto e que despertou em mim uma enorme vontade de imiti-la. Ela e seu marido suado e atracado em imenso prazer sexual. O gemido era de dor, mas ela parecia gostar bastante da torneirinha do seu marido. Eu já tinha visto as torneirinhas de meus irmãos, mas aquela era de tamanho gigante e parecia muito bem aonde entrar e quanto sair. Nesta “briga” eu não sabia quem era mais feroz, se Dona Zefinha do leite ou seu esposo? Parecia que naquela competição no final os dois ganhavam! Foi a primeira vez que eu senti vontades estranhas de mulher. Tudo era novo e a partir daquele momen-
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To passei a ter vontades estranhas que nunca tinha tido antes como alguns dizem, o que assusta pode viciar, todas as manhãs passei a buscar o leite muito cedo para observar tamanha peleja sobre uma cama de couro de vaca. Na volta encontrava o meu namorado que eu nem mesmo sabia o nome e dava tchau para ele que me respondia. Como eu era feliz com aquele namoro tão gostoso. Eu achava que estava apaixonada e nas noites frias de Campina eu passava naquele rapaz que nem mesmo sabia o nome. Os meses se passaram e quando observava dona Zefinha eu fui pega por ela que disse a minha mãe o ocorrido e por causa das observâncias apanhei muito, muito mesmo e fiquei de castigo por mais de uma semana. Imagina se dona Zefinha soubesse que eu estava a observando a mais de mês eles me matavam. Depois de algum tempo eu passei em frente da casa do meu namorado sem nome e o vi e algo dentro de mim dizia que ele gostava de mim. Volte às pedras do açude lavando as roupas ou segurando o bebê da minha mãe enquanto ela lavava roupa. Era uma época que existiam inocência e sonhos em minha mente, mas algo entre as minhas pernas me incomodava bastante. Algo em mim parecia vivo e fazia exigências que incomodavam a minha inocência de menina.
Nas conversas das mulhe-
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res sempre deixavam escapar cenas de noites quentes com seus homens e outras inocentavam seus maridos cafajestes de seus erros colocando a culpa nas quengas “safadas”.
- Homem é homem não é mulher? Uma mulher se oferece ele tem que aceitar:
- É verdade mulher, estas quengas enlouquecem os nossos homens e outras fazem até macumbas pra eles.
- Se eu pegar a quenga de meu marido eu quero ela todinha!
- Eu tiro todas as forças dele, não deixo nada pra ninguém.
É, a boca das lavadeiras não se mantinham fechadas e no meio delas sabíamos de tudo. Da vida dos políticos, do dinheiro de outros e dos chifres que muitos levavam. Era um divertimento incrível, no instante lavávamos muita roupa e nos sentíamos bem informadas de tudo na cidade de Campina Grande. Talvez venham das lavadeiras de roupa os repórteres sensacionalistas que falam da vida e da intimidade de todos e de tudo.
- Menina, você sabia que a filha de Dona Maria fulor se perdeu?
- Não acredito. Ela é tão nova não é?...
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Quando as fofoqueiras falavam de uma mulher que se perdeu elas falavam em um tom como se a moça estivesse morrido. Logo aprende que se perder era perder a virgindade chamada na gíria popular de Cabaço. (Cabaço é o fruto da cabaceira. Era de forma arredondado e quando rachava não servia mais para nada. Quando retirados de forma certa era serradas ficando duas vasilhas com duas panelas) A moça não podia perder o cabaço, pois seria obrigada a casar com quem fez o ato ou jogada no meio das quengas. Mas quem era tão doida para perder algo tão precioso assim? Eu era que não iria perder o meu! Eu iria me casar com o rapaz da estrada, pois só era uma questão de tempo para ele perguntar o meu nome e ir lá em casa pedir ao meu pai a minha mão em casamento. Eu não agüentava mais esperar por este dia! Mas eu era paciente e bastante nova.
O tempo passou rápido e minha mãe me deu mais uma irmã que eu cuidava carinhosamente. Na sede de vencer o amor das quengas dava ao meu pai todo ano um ilho. Eu esperava um dia fazer aquilo que dona Zefinha fazia com seu esposo com o
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Meu namorado anônimo, mas as marcas da surra que levei ainda estavam nas minhas costas a doer muito. Como o amor e o ódio se intercalam na vida de uma pessoa, parece que na vida o amor é uma mulher linda e o ódio um homem extremamente apaixonado por ela e quem se aproximar do amor terá que enfrentar o ódio. Como alguém diz que ama, mas prejudica em nome deste amor, e com a mesma força destruía e amado! É, no amor e no ódio todos são loucos e é nestes dois que aparecem as nossas maiores insanidades.
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Capitulo 11
Os meus doze e treze anos foram de sonhos e trabalhos nas pedras do açude de bodocongó lavando roupas das senhoras ricos. Por que o mundo é tão diferente assim? Uns tem tanto e outros nada possuem, por quê? Na vida parecemos uma ilha de certezas arrodeiados por um oceano imenso de incertezas e dúvidas. Eu via aqueles barões com aquelas roupas chiques com suas filhas tão lindas e bem vestidas enquanto eu lavava roupas na sangria do açude dos amantes. Os ricos desejavam para suas filhas que elas fossem ricas e poderosas:
- Minha filha será uma médica, uma doutora e casará com um conde rico e poderoso.
Mas as famílias pobres pareciam irritadas com a vida e praguejavam as filhas:
- Está menina só dará pra uma Quenga, ela até parece uma rapariga. Veja só!
É, a vida sempre muito difícil de entender, mas aos meus quatorze anos eu tentava encontrar uma explicação para aquilo que ninguém queria explicar. Meu corpo estava formando e meus
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Seios já chamavam a atenção de alguns homens que me olhavam de um modo diferente. Talvez o meu namorado “de tchau” se aproximasse agora já que eu era uma mulher formada. Mas para minha surpresa um dia passando em frente a sua casa que era um pouco melhor do que a de meu pai, o vi com outra menina bem vestida e com um carro fumaceiro em frente dela. Confesso que aquilo me abateu e o beijo que eu vi ele dar nela matou a minha alma. O amor é uma vitamina para a alma, mas a desilusão tira todo o seu brilho. Passei semanas em casa tão triste que a febre fazia arder o meu corpo. Como eu era boba, se apaixonar por uma pessoa que nem mesmo sabia o nome e nem mesmo tínhamos conversado. Mas o coração tem suas regras, independente da nossa suposta inteligência. Eu nunca tinha recebido carinho de um homem, mas só os tchau daquele rapaz faziam-me carinho na alma. Nem mesmo chegamos a este mundo direito e já começamos sofrendo de amor. Mas como acertar no amor se ninguém ensina. Talvez ninguém soubesse amar e por isto ninguém ensinasse a fazê-lo com segurança. Mas como eu era boba, pois aquele rapaz de família mais forte que a minha nunca olharia para a filha de uma lavadeira
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Que era lavadeira também.
Mas a desilusão é como a dor de barriga, ela vem faz um estrago danado dentro da gente, nos deixa fraca, mas depois vai embora. Semanas depois eu estava a lavar roupa novamente com as fuxiqueiras de bodocongó ao lado das quengas de bodocongó que ficavam de longe a nos observar. Talvez um grupo quisesse ser o outro por alguns instantes. Talvez o grupo de quengas quisesse ser propriedade de um homem por algum tempo e as chamadas “direitas” desejassem ser um pouco de tempo quengas. Mas aos quatorze anos eu não queria me apaixonar mais até que apareceu outro jovem no açude que era um pescador que de seu barco de um remo só olhava constantemente para mim. É, o amor é como aquelas sementes teimosas que basta um pingo d’água para nascer rapidamente. Ele não era muito bonito, mas era um homem e quem sabe ele fosse um dia um GRANDE pescador! O nome dele era Juvino e tinha vinte anos e era filho de uma das lavadeiras mais fofoqueiras da turma. Todos os dias eu via Juvino e ele olhava para mim suada as margens do Bodocongó e dava tchau para mim. A mãe dele disse que seu filho
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Era trabalhador mais bebia e vivia atrás das malditas quengas. Mas eu não ligava com isto os maridos de quase todas as lavadeiras incluindo a minha mãe era quengueiros, ele sendo o meu dono era o que importava. Estes olhares e sorrisos duraram alguns meses até que minha mãe de resguardo de mais um filho me deixou ir para o açude lavar roupas e foi ai que eu tive o meu primeiro encontro com um homem. Era tanta roupa que às vezes começava a escurecer e eu a lavar as roupas daqueles riquinhos exigentes. Foi quando me encontrei com Juvino varias vezes. Comecei a lavar roupas muito rápidas para junto à linha do trem encontrasse Juvino que era cordial e me deu os primeiros beijos quentes de homem. Bastaram alguns dias e Juvino estava todo animado e queria m fazer mulher, mas eu não iria arriscar sujar o nome da minha família me perdendo.
- Case-se comigo Juvino e eu serei a melhor mulher do mundo pra você.
- Não posso sou muito novo e tenho que estudar muito.
Perante a recusa dele eu me recusava a conceder-lhe o prazer que tanto ele me pedia. Não deixava o principal acontecer, mas muitas coisas aconteciam junto à linha do trem que passa ao re-
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Dor do açude das paixões. Confesso que o deixei louco muitas vezes, mas eu também enlouquecia. Minha mãe voltou a lavar roupa nas pedras das fuxiqueiras e eu não pude ter mais a liberdade que estava tendo com Juvino. Como não dei o que ele suplicava fui trocada por uma quenga que morava ao lado do açude. Novamente sofri muito e chorei amargamente escondida com meus travesseiros. Pensei em ser freira idéia esta que foi absurda perante Dona Maria.
- Homem é tudo igual minha filha, eles nos tratam apenas como objetos.
Mas mesmo como objeto eu queria um para mim. Eu era muito nova, mas o desejo de ser mulher e a vontade de ter um homem grande e difícil de entender. Não dava para esconder tamanha vontade fogo que eu tinha dentro de mim. Tive muitos namoros de curta duração com João, mas ele era meio doido e falava demais. José das vacas “burro” como um jumento e falava tanta besteira que só me dava vontade de dar gargalhadas. Luiz era valentão e metido, mas na verdade era medroso e nunca foi pedi a minha mão ao meu pai em namoro. Talvez ele nunca tivesse coragem para isto. Mané das burras era um jovem de 24 anos e era faci-
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nado por dinheiro, só falava em lucrar. Francisco era filho de outra lavadeira amiga de minha mãe ele era inteligente e educado, sabia até ler, mas em nossos contatos corpo a corpo ele não demonstrava ser muito homem. Dava a impressão que ele gostava das mesmas coisas que eu. Não dava para eu sonhar em casar com uma mulher em um corpo de homem não. A mãe dele desconfiava e por isto jogava ele para mim constantemente.
O tempo passa rápido e foi quando cheguei aos meus quinze anos, mas não houve festa isto era “frescura” para os pobres daquela região. Eles nunca tinham feito nem uma festa de aniversário para mim quanto mais uma festa de debutante como os ricos faziam. Minhas roupas eram sempre de segunda, era comum nos cainhos encontrarmos as antigas donas e elas em sorrisos apontarem para os seus antigos vestidos.
- Olha, aquele vestido era meu, há, há, há...
Mas dizem que o pobre não tem direito a vergonha o jeito era ignorá-las. Eu gostava da minha vida mesmo com tantas dificuldades e brigas dentro de casa. Os meus pais não poderiam me dar o que eles não receberam. Meu pai tinha muitos filhos e tinha que ajudar a todos. A vida se torna bem melhor com uma pitada
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de compreensão. Quando somos adolescentes somos muito ansiosas e esperançosas. Eu era tudo isto e romântica, pois desejava um homem que soubesse reconhecer o real valor de uma mulher. Mas qual séria o valor de uma mulher?
Na missa eu rezava pedia a Deus que me fizesse bem bonita para que os homens me notassem e o meu amado surgisse logo e não aqueles doidos que me quiseram. A missa era algo lindo e tinha um clima maravilhoso e Jesus ali na cruz parecia compreender as nossas maiores burrices. O padre falava sobre o amor a compreensão que Jesus tinha ensinado num lugar muito longe chamado Israel. Será que dava pra ir a pé até lá? Enquanto eu escutava o santo padre vi aquela prostituta que tinha “brigado” com minha mãe há muitos anos atrás. Ela estava magra e parecia doente, não era mais aquela mulher e tinha várias manchas na pele que estava meio descuidada. Quando ela sentou no banco os visinhos levantaram e foram para outro lugar como se estivessem sentindo nojo dela. Mesmo assim ela continuou e com os olhos no altar rezava. O que será que ela estava passando?
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Os meus quinze anos chegaram e o padre me benzeu com água benta. Certamente era apenas questão de meses para alguém pedir a minha mão. Do lado de fora da missa meu pai encontrou um amigo seu e me apresentou a ele que me achou muito bonita e mostrou seu filho com cara de mal para mim. Meu pai se antecipou e disse que aceitaria um pedido do filho dele da minha mão. Eu odiei aquela idéia e até hoje me lembro da cara dele de chato e exigente.
- Pois é compadre Zé, meu fio ta chegando na idade de arrumar uma cabritinha mesmo. Vou visitar o sinhô ta.
Não gostei daquele rapaz e pedi a Deus que não deixasse o “compadre” de meu pai nos visitar. Seria horrível casar-me com aquele “chupa limão”. Mas graças a Deus ele não veio e eu continuei a lavar as minhas roupas, mas agora no caminho os homens faziam questão de tirar o chapéu de suas cabeças. Isto me fazia sentir uma mulher encantadora.
Os amores daquela época eram fortes e melosos com muita emoção e força. Até as músicas era de uma profundidade poética muito grande e as paixões arrasadoras. Era uma época romântica, porém de outro lado ainda bruta. Mas o que seria o
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Amor, a paixão e a simples simpatia? Agente séria tão pobre se fossemos tão lógicos, mas são as emoções do amor que perfumam a vida. Eu me exponho às emoções do coração, mas eu não mando nele apenas tento convencê-lo de algumas coisas. Na idade em que eu me encontrava meu pai demonstrava mais cuidado com a minha virgindade do que comigo mesmo. Seria a minha vagina a parte mais importante do meu corpo? Seria ela mais importante que o coração? Por outro lado eu gostava destes cuidados, pois me sentia protegida e pertencente a alguém. Como seu José era muito rígido eu tinha medo de apanhar por algum desagrado que eu pudesse fazer. Eu tentava me comportar, mas às vezes pensamos com outras partes do corpo que não tem nada haver com a cabeça. E como uma fruta cheirosa os homens me abraçavam e não se cansavam de me cheirarem e beijarem a minha boca. Tudo era muito escondido para que eu não ficasse falada principalmente pelas fuxiqueiras amigas de minha mãe.
Nos forrós eu tirava o atraso e dançava muito e gostava muito de me misturar com o suor de alguns homens. O suor de macho é diferente e me dava um tesão muito grande.
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Ah, como era bom os forrós de Campina Grande. Ficávamos de um lado e do outro os cavaleiros que vinham nos tirar para dançar. Quando era um velho ou alguém feio não podíamos negar e dançávamos sem malícia. O bom mesmo era quando um rapaz tirava a gente para dançar, era tão bom que logo o dia amanhecia. Que vida maravilhosa eu tinha, pois a perfeição não está na inefabilidade, mas na harmonia das coisas e dos fatos.
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CAPITULO 111
Com os meus quinze anos eu via a tecnologia chegando à cidade, há dois anos foi inaugurado o primeiro poste com a primeira lâmpada em Campina Grande. Desde 1920 quando foi inaugurada na praça central a primeira lâmpada até 1922 quando eu completei 15 anos foram instaladas muitas lâmpadas que era algo que demonstrava a força da cidade e seu desenvolvimento.
De onde vinha o fogo daquela lâmpada? E por que ela não apagava na chuva ou no vento forte? Era algo que vinha dos “estrangeiros” e eu não compreendia nada. Mas as casas não havia tal beneficio e o velho lampião iluminava a todos, os amores e as dores.O mundo muda rápido para os ricos porém para o pobre o desenvolvimento vem montado em um jumento lerdo e com pouca vontade de andar. A nossa vida continuava a mesma, de lavar roupas na sangria do açude de Bodocongó.
A vida nos traz muitas surpresas e em uma manhã conheci o meu grande amor Tavares Raposo do Nascimento um jovem de vinte e cinco anos de cor parda e bigode fino sobre os lábios como era o costume da época. O conheci nas margens do açude a
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Fazer a sua pescaria. Muito educado, gentil, cavalheiro, ele me conquistou só pela forma de falar educado e aquele jeito que se valorizou. Desde dia que eu o vi percebi que aquele homem era meu e eu dele, era só uma questão de tempo. Escondido depois da lavagem de roupas conversava muito sobre todos os assuntos. Era o homem perfeito para minha vida, eu seria dele com certeza. Tavares sabia ler e com um livro trazia fazia poemas e contos românticos para mim. Enquanto ele falava a noite chegava e logo as primeiras estrelas sorriam para mim. Quando amamos temos a impressão que TODO O UNIVERSO olha sorridente para nós. Logo depois de nos beijarmos muito eu colocava a roupa sobre o jumento e corria para a casa, ao chegar eu tinha que criar uma desculpa convincente para os meus pais. Eles não podiam desconfiar de nada, nem sonhar. Mas quando amamos perdemos o senso do perigo e é o amor a força capaz de fazer com que nos arrisquemos pelos mais terríveis perigos. Naquele tempo qualquer moça flagrada beijando um rapaz era descriminada como uma prostituta qualquer. A sociedade pensava 1que era moderna, mas era extremamente
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Preconceituosas principalmente em relação ao sexo e a mulher. Quando encontramos um amor pensamos que achamos a solução para toda nossa vida, para todos os problemas e era desta forma que eu pensava. Tavares era o homem da minha vida e disto eu não tinha nenhum duvida.
Quando a vontade é grande some todas as dificuldades e a partir daqueles primeiros encontros passei a criar situações que facilitasse o nosso encontro sigiloso e vários lugares secretos na floresta de Dona Merquinha Correia foram postos como ponto de encontro. Ele era um homem galanteador e até flores trazia para mim em nossos encontros, pena que eu não as podia levar para casa. Eu estava tão feliz que me sentia no céu. Tavares estava gostando muito de mim e iria pedir a minha mãe ao meu pai, ele ainda não tinha falado isto, mas eu tinha certeza desde fato. Beijos quentes e abraços calorosos eram dados escondidos entre as árvores de “Merquinha” e só as folhas testemunhavam o nosso fogo, mas eu não abria mãe da minha pureza até o dia do casamento. Mas apesar de tentar algumas vezes Tavares era compreensivo e carinhoso como um grande cavaleiro que era.
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Eu pensava comigo que a sorte tinha morrido para mim e aos meus quinze anos tinha encontrado o amor de minha vida: o homem ideal para qualquer mulher. Cada dia que se passava os nossos encontros se tornavam mais quentes e íntimos, mas eu me segurava para não ceder aquilo que eu estava querendo fazer. Mas como fiz o ditado quem anda muito na beira acaba caindo no fundo e foi o que aconteceu. Tavares me prometeu que se eu deixasse ele me possuir casaria comigo, pois estava aguardando apenas uma resposta da companhia da estrada de ferro para trabalhar e a mesma iria sair dentro de apenas alguns meses. Ele me fez juras de amo à luz das águas do açude de bodocongó e eu me entreguei ao amor de corpo, alma e coração. E naquele mesmo dia fizemos amor como dois adultos faziam e eu me derreti de prazer nos braços de Tavares o meu grande amor. Eu nunca tinha sentido algo tão bom passei, a saber, porque as mulheres se derretem toda perante a um homem viril. Aquela noite foi a minha inauguração como mulher e finalmente soube o que um órgão existente entre as nossas pernas pode proporcionar de prazer e delírios. As águas do Bodocongó foram testemunhas de meus gemidos mistos de dor e prazer que aqueles momentos me proporcionaram. Como já tinha inau-
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rado o meu aparelho de prazer e amor por que não utilizá-lo mais? Sendo assim passamos a nos encontrarmos mais vezes durante a semana e nestes encontros havia mais gemidos do que palavras. Era uma nova maneira de conversar uma comunicação direta da alma. Pouco a pouco Tavares sentia e me ensinava a ser mulher me possuindo por completo e me dominando com seus amores. Ele realmente me “muia” e eu voltava para casa só o bagaço mais totalmente realizada. Com o tempo bastava Tavares chegar perto para eu me derreter de desejos e como se eu estivesse em uma enxurrada ficasse toda molhada. Eu não podia dar as caras o que eu estava fazendo até que o trabalho de Tavares na ferrovia saísse. Nesta situação passamos quatro meses e ninguém percebeu a grande atividade que estávamos tendo próximas as águas do Bodocongó.
Neste período eu me tornei viciada em amor e cada vez fazíamos mais, mais até a exaustão e as nossas pernas não mais agüentarem ficar de pé. Era uma loucura total!
O maior perigo é perdemos o medo, pois às vezes ele nos protege. Com tanta atividade assim o nosso cérebro derreteu e vários vacilos começamos a cometer, o perigo não era tão perigoso assim. Além disto, os dias que Tavares iria trabalhar
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Se aproximavam, então eu seria Dona Carol, senhora Carol. Eu sonhava com isto a cada VEZ QUE RESPIRAVA; EU PERTENCERIA A UM VERDADEIRO HOMEM GENTIL E AMOROSO. Certo dia ao sair da lavagem de roupa fui seguida por uma das maiores fuxiqueiras que ali trabalhava, mas dormente pelo desejo não percebi nada. As margens do Bodocongó, lado leste próximo a uma fonte nas pedras lá existente nos encontramos. Tínhamos que ser rápidos, pois a dor de barriga que fingia ter sempre para me afastar da turma não podia durar muito para não gerar desconfiança. Ao chegar no lugar Tavares estava a me esperar e sem analisarmos o ambiente começamos nosso intenso ato prazeroso e delirante que me levava as estrelas. Em pleno delírio de amor, aonde toda mulher chega às margens da loucura eu me derretei em águas quentes de amor e o suor descia pelo meu rosto e eu torcia o resto de roupa que ainda estava sobre me agüentasse o “Rojão” que estávamos tendo naquele momento. Seria o sexo o portal das estrelas? Acho que sim, pois todas as vezes que fazia eu viajava entre as mais distantes constelações do universo. Sempre no final eu deixava escapar um “grunido” alto que era retido com a mão na minha boca para toda cidade não ouvir.
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Eu não sabia por que algo tão gostoso era tão proibido principalmente para nós mulheres. Em meu delírio e grito final “desabo” ao chão entre as folhas sem forças para ficar de pé e quando olho ao redor dele estava: Mariquinha que assistia assustada ao nosso prazer. Saie correndo atrás dela para falar-lhe:
- Mariquinha espere, por favor, Não conte nada a ninguém, por favor!
- Dor de barriga em? Você estava “chamegando” não é?
- Por favor, nós vamos nos casar daqui a alguns meses. Não conte a ninguém, por favor, Mariquinha.
- Ta bom, mas todo segredo tem um preço. Você terá que lavar as minhas roupas também!
- Ta certo. Mas você me promete que ninguém irá saber?
- Prometo!
Fiquei pensando o que Mariquinha tinha com a minha vida, ela não era parente minha, nem tinha nenhum vinculo comigo, mas o segredo que ela sabia me fazia tremer de medo. Passei a lavar as roupas dela também e a me encontrar menos com Tavares. Era tanta roupa que eu tinha que lavar que as minhas cos-
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Tas não agüentavam mais e as vezes que eu e Tavares nos encontrava diminuiu muito. Mariquinha chegava a me humilhar quando eu não lavava bem as suas roupas e eu tinha que agüentar tudo calada. Existem pessoas que parecem com urubus, querem sempre nos devorar e para isto desejam apenas um tema, uma desculpa. Eu sonhava com a hora que Tavares me assumisse perante o meu pai e fossemos morar em qualquer lugar longe daquelas fofoqueiras. Os dias se passaram e as roupas trazidas por Mariquinhas aumentavam cada vez mais. Ela chegava deixava as roupas e ia embora voltando horas depois para buscá-las secas. Mulher fala muito e com isto pode ser uma qualidade ou um defeito vai depender como e de quem elas falam. Levando roupas como uma louca as mulheres começaram a falar sobre sexo quando uma delas disse que eu não poderia ouvir aquelas conversas e a outra respondeu que eu sabia de sexo bem mais que elas todas juntas.
- Ela sabe mais do que a gente sobre homem viril!
- O que foi que você disse?
- Meu bem você não é mais virgem todo mundo já sabe. Há, há, há!
- Não se preocupe as nossas bocas é um túmulo.
- Agora filha, parece que alguém está comendo da sua fruta também
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Preste atenção!
Naquela mesma hora eu deixei tudo e corri até as árvores onde eu e Tavares nos encontrava. A cada passo que dava uma angustia se apossava de mim, um medo de ver o que estava pensando que eu iria ver. Ao chegar ao lugar de nosso amor, vi Mariquinha e Tavares em pleno ato sexual escandaloso. Ela estava na mesma posição que eu ficava e ele delirava em seu corpo igual ao meu. Parada perante aquele ato eu não sabia o que fazer foi quando em delírios e risos eles terminaram.
Não tive palavras, apenas pulei sobre ela que ainda estava nua e bati com muita força. Brigamos no chão enquanto Tavares tentava nos apartar; Ela estava com um sorriso de deboche. Entre eu e Tavares houve terrível briga. Ela era casada e eu iria contar ao marido dela pessoalmente e prejudica - lá também.
- Calma Carol,dizia Tavares; eu fui chantageado por Mariquinha para fazer com ela o que eu estava fazendo com você. Se eu não fosse atender aos desejos dela ela me entregava ao seu pai. Perdoa-me, por favor!
Apesar da raiva e de falar muitas coisas contra
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ele aceitei as suas desculpas e em alguns minutos eu estava em seus braços em um delírio de posse, como se eu declarasse: Você é meu, só meu. A situação ficou complicada, pois eu não podia dizer nada contra ela e agora ela não poderia dizer nada contra mim já que eu sabia de seu adultério com Tavares. Mas as fuxiqueiras sabiam e era só uma questão de tempo para toda cidade saber. Mas se todos soubesse Tavares me assumiria e pronto. Com o passar dos dias aquela “safada” ia e voltava na direção do lugar de encontro voltando descabelada e desabotoada. Ela estava transando com Tavares, será? Aquele sorriso de deboche dela iria desaparecer assim que Tavares me assumisse. Homem é homem, mas o coração dele era meu, pensava eu constantemente.
Certo dia eu estava lavando as roupas como era de costume quando o meu pai chegou gritando o meu nome.
- Carol, Carol sua cabrita venha cá, agora.
- Sim senhor!
Eu nunca apanhei tanto e já no meio da rua eu levava lapadas de Jucá (planta nordestina) e todos olhavam para mim com olhar de dúvida do que estava acontecendo. Apanhei
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Muito e minha casa nunca foi tão longe quanto naquele dia.
- Entra rapariga, sua quenga. Você pensava que me enganava? Você vai ver.
- Pare com isto Zé, pare! Você vai matar a menina, pare!
- Não meu pai, não meu, por favor, por favor.
Eu apanhei que fiquei tonta e vomitei tudo que comi. Meu pai gritava, minha mãe chorava e meus irmãos e irmãs choravam também. Ele parava de me bater e depois de falar voltava novamente a bater em mim com toda força que tinha. Uma surra de Jucá doe muito e nem todos os homens agüentam uma e em prantos e dores me urinei toda. Que momentos tristes foram aqueles, pois até a minha mãe apanhou muito tentando reter a irá de meu pai. A vizinhança veio ver e seu José fechou a porta na cara deles.
- Sua cachorra, sua quenga safada você me desonrou, tirou a minha honra, acabou com o nome de nossa família, sua quenga.
- Calma Zé.
- Pai me perdoe, me perdoe...
- Zé, calma Zé vamos ouvi-la
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- Pai eu vou me cas...
Então eu desmaiei na sala vítima da tremenda surra que levei. Acordei-me só no outro dia e delirante sobre uma cama as minhas feridas eram tratadas com sal e vinagre. Eu apenas olhava para a minha mãe e ela para mim, parecíamos com medo uma da outra. Meu pai viajou e voltou três dias depois e disse-me – Vá embora da minha casa, aqui não pode ficar quenga por causa de seus irmãos. Maria “arrume” as roupas dela agora
- Homi, calma vamos conversar.
- “arrume” agora si não vai junto com ela.
- Pai o meu namorado é Tavares Correia de Oliveira ele vai me assumir assim que o emprego dele sair.
- Ele vai ter que assumir agora você não pode mais ficar mais aqui!
Então fomos atrás de Tavares na casa dos pais dele e chegando lá para minha surpresa ele tinha viajado com o trem que veio buscar algodão.
- Seu Antonio eu sou a mulher de Tavares há cinco meses e ele ficou de me assumir perante o meu pai.
- Eu não sei de nada minha filha, meu filho nunca disse nada
OBSERVAÇÃO
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JOILSON DE ASSIS
ESCRITORJOILSONDEASSIS
HISTÓRIADECAMPINAGRANDE
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