RELATO HISTÓRICO SOBRE A CASA DAS QUENGAS E A PROSTITUIÇÃO NA DECADA DE 1920

Riacho das quengas – Joilson Assis 22


Comentário Histórico inicial

Estranho a grande prosperidade que houve na cidade de Campina Grande nas décadas de 1910, 20, 30, até 40 estava o ajuntamento de barracos existentes a margem do riacho bodocongó que serviam como casas das quengas como eram chamadas as prostitutas na região. As quengas de Bodocongó em sua maioria constituíam-se de mulheres abandonadas por seus esposos virgens defloradas sem o homem que a deflorou assumi-la, eram chamadas na época de “Perdidas” por ter desonrada a família com a perca de suas virgindades. Existiam também muitas descendentes de índios que pela pobreza acabavam na zona de prostituição para sobreviverem.
A sociedade da época parecia cega para auxiliar este grupo de pessoas que eram tidas por grande desprezo social apesar dos nobres daquela terra muitas e muitas noites dormirem nos braços de uma daquelas quengas que tanto desprezavam. Muitas delas eram de família de nome, mas ao saber que sua filha “se perdeu” o pai ordenava impiedosamente que a mesma fosse enviada imediatamente para o Riacho das quengas aonde a mesma era recebida por uma cafetina que a orientava na nova vida que começara. Depois de algum tempo entre as quengas a sociedade repudiava até o lugar de acento das mesmas com medo das doenças adquiridas nas noites.







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A região chamada na antiguidade de Zona em sua
Maioria era pobre e de pouco higiene e o tratamento não era dos melhores com as quengas. Geralmente elas apanhavam muito e em muitos casos eram queimadas com pontas de cigarro como era uma espécie de “Tara” existente entre os homens da época. Nisto era comum entre as chamadas Quengas manchas em suas pernas feitas por queimaduras de cigarros de seus clientes. A zona existente ao redor do Açude de Bodocongó era constituída de vários casebres de taipa, (Madeira com barro) às vezes sem banheiro ou com um banheiro só para vários casebres. Era um ambiente muito pobre aonde os viajantes vinham tirar suas tensões e depois se banhavam nas águas do açude de Bodocongó. Isto muitos morriam, pois procuravam banharem-se ainda bêbados e ali mesmo ficavam. Era um choque mito grande para as meninas “Perdidas” se tornarem
Membros de ambiente tão diferente de algo que chamava de lar. Era pior que qualquer prisão, pois aquele ambiente
Parecia um destino sem volta e sem piedade. A realidade foi horrível, pois MILHARES DE MOÇAS DE FAMÍLIAS QUE PERDIAM SUAS VIRGIDADES ATÉ POR AMOR ERAM OBRIGADAS PELO SISTEMA A SE TORNAREM QUENGAS E HABILITAREM NESTE AMBIENTES. Elas eram forçadas a ser algo errante na sociedade que jamais aceitavam elas de volta.
Tal ação do repúdio da família parecia uma sentença de morte para aquelas jovens já que o tempo de vida das






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Chamadas Quengas era resumidíssimo chegado a pouco mais de 30 anos com mortes terríveis, vítimas de sífilis e doenças desconhecidas eram abandonadas em suas casas de pau e barro á morrerem sem assistência alguma. Geralmente estas mulheres logo cedo eram acompanhadas por sarnas e piolhos, caroços e manchas dando sinal de longe para as demais pessoas de sua profissão. Depois de ser quenga por um tempo nenhuma mulher encontraria fácil um emprego, uma lavagem de roupa ou um homem que a queira mesmo que seja para maltratá-la. A cultura da civilização da época era muito cruel com estas MULHERES PERDIDAS, pois existia entre os homens a cultura do “Homem cafajeste” que era aquele que transava com todas e vivia atrás de uma virgindade de uma boba qualquer. Eram comuns as promessas de casamento e a entrega por amor da virgindade e logo após o individuo desaparecia depois de ter contado para todos os amigos. A notícia logo chegava ao pai da moça que para proteger as demais filhas de se perderem JOGAVA impiedosamente a filha para o cabaré como um lixo humano. Realmente a humanidade é desumana! As quengas tinham as cafetinas que agiotava o sexo e ficavam com o lucro do comercio sexual deixando apenas migalhas para as meninas sob o seu comando. Era triste a situação daquelas mulheres que acabavam super marginalizadas e não tinham nenhuma possibilidade de prosperidade. Era raríssimo o caso de uma quenga conseguir alguém que a retirasse daquela vida e quando isto acontecia parecia para as meninas um milagre.







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Toda quenga sonhava fortemente encontrar um homem que se apiedasse dela e a retirasse aquela vida de extremo sofrimento e dor na alma. O uso de prostitutas era muito comum na época citada e todo jovem era levado pelo pai às chamadas quengas para serem iniciados sexualmente e estes acabavam vivendo entre elas até um dia se casar com uma virgem jovem de boa família. Nisto o negócio dos cabarés eram lucrativos e existiam vário níveis entre eles: Os “Caros”, xíques aonde só entravam homens de palitos com gravatas e aqueles que comumente eram chamados de “CAI CÓRO” aonde a pobreza vinha se aliviar. Em Campina Grande o cabaré mais xíque foi o Eldorado nas décadas de 50 e 60 e o mais popular era o da velha Antonia (Véia Antonha) um cabaré de bairro e popular que até os dias atuais é citado. Os caberes existentes ao lado do açude de bodocongó é o cenário aonde viveu Ana Carolina Trajano da Silva e milhares de outras “Carol” que ao redor do espelho d’água viveram seus conflitos existências, suas dores, seus sonhos e amores. Foi neste cenário aonde muitas mulheres enfrentaram seus conflitos de quengas.

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