O GRANDE AMOR DE BASTIÃO POR VERÔNICA

Voltei à casa de Dona Yayá e junto ao seu Cão Peri seguia o meu destino. Eu não me acostumava ao destino de quenga e ficava dias e noites planejando deixar aquela vida. Pedi auxílio a Santa Igreja mas não existia projeto para recuperação de quengas na mesma. Até ser freira eu pensei, mas não deu certo. Passei a vender raízes na feira grande, mas o dinheiro mal dava para comer e eu voltava à vida novamente. Houve uma seca muito grande naqueles anos e a fome foi grande entre os pobres e tudo se tornou caro demais. Bastião continuava na sua tentativa incansável de me conquistar, mas eu não queria atra-















Riacho das quengas – Joilson Assis 126




palhar a vida de sua mulher nem de seus filhos mesmo que sua esposa não acreditasse nisto. As vezes ficava muito triste e em outras vezes me alegrava pois o melhor da vida é viver. Bastião fez uma música muito bonita em minha homenagem e costumava contar quando estava comigo.

- Verônica me sinto tão só
- Quando não estás junto a mim
- Verônica eu quero dizer
- Que te amo tanto, que não posso mais
- Que te quero tanto amor.

- Quero os teus olhos olhar
- Quero tua boca beijar.

Ele cantava todas as vezes que estávamos juntos e dizia que um dia iria encontrar um cantor com uma voz muito bonita para cantar para o Brasil toda esta música. Aquele velho era o homem mais amável que já conheci. O seu amor se constrangia e me fazia de certa forma amá-lo também. Eu que só conhecia Campina Grande iria ser cantada em todo Brasil. Quem sabe que um dia conseguiria? Quando ele cantava esta música para mim eu chorava muito como se lamentasse o meu destino e como o meu nome de guerra ficava tão lindo na boca daquele homem que jurava amor eterno por mim e até uma música tinha feito em minha homenagem. Realmente o amor gera a melhor das melodias que acalenta todas as almas.

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